Itália começa demolição de ponte que desabou em Gênova
Egle Possetti tem de desviar seu olhar quando passa de carro perto do que restou da ponte em Gênova que caiu no ano passado. Ela simplesmente não pode olhar para o lugar onde sua irmã foi morta com toda a família.
A seção de 215 metros da Ponte Morandi, parte da rodovia que liga a cidade portuária italiana ao sul da França, caiu no dia 14 de agosto bem na hora de maior tráfego, levando dezenas de veículos a despencar em queda livre, matando 43 pessoas. Nesta sexta-feira (8), seis meses depois, construtores começaram a demolir as partes restantes da ponte antes de ela ser reconstruída.
A irmã de Possetti, Claudia, o marido Andrea e as crianças Camilla, de 16 anos, e Manuele, de 12, morreram. Eles estavam viajando para um resort ao leste de Gênova para passar o feriado do dia seguinte. "Cada minuto da sua vida você pensa nisso. Você pode até rir, dar um sorriso, mas você está morta por dentro", relatou Possetti, enquanto evita olhar para as ruínas.
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Ela pertence hoje a um comitê que pressiona deputados italianos a acelerar as investigações judiciais sobre tragédias como a do colapso da ponte. Seu desespero é compartilhado por Giovanna Donato, cujo filho Cesare, de 11 anos, perdeu o pai, também chamado Andrea, de quem ela estava separada.
O prefeito de Gênova e comissário especial para a reconstrução da ponte, Marco Bucci, disse estar satisfeito com o processo de reconstrução até agora. Após o colapso da ponte, o governo italiano culpou a operadora Autostrade per l'Italia pela manutenção da estrutura e ameaçou revogar a concessão do grupo, que nega ter qualquer culpa no desastre.
O contrato de reconstrução da ponte foi concedido ao maior empreiteiro italiano, Salini Impregilo, e ao construtor de navios Fincantieri. A demolição e a reconstrução devem durar cerca de 15 meses. (Estadão Conteúdo, com agências internacionais)