Morre o ex-presidente argentino Carlos Menem aos 90 anos
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O ex-presidente argentino Carlos Menem morreu neste domingo (14) em uma clínica de Buenos Aires aos 90 anos, informaram a agência oficial de notícias Telam e outros veículos da imprensa.
"Com profundo pesar soube da morte de Carlos Saúl Menem. Sempre eleito na democracia, foi governador de La Rioja, presidente da Nação e Senador Nacional. Na ditadura foi perseguido e preso. Todo o meu carinho para (sua primeira esposa) Zulema, (sua filha) Zulemita e todos os que hoje choram por ele", escreveu no Twitter o presidente Alberto Fernández, de linha peronista assim como o ex-presidente.
O governo decretou três dias de luto pelo falecimento do ex-presidente, que será velado no Congresso. “Ele estava acompanhado por toda a família e foi embora segurando a mão da mãe”, declarou emocionada sua filha Zulemita, ao deixar o hospital.
Além disso, indicou que o pai será sepultado no cemitério islâmico de Buenos Aires próximo ao túmulo de seu filho Carlos, falecido em 1995 em um acidente de helicóptero que nunca foi esclarecido. “Ele vai descansar no cemitério islâmico com meu irmão, embora professasse a religião católica, para ficar com meu irmão”, disse Zulemita.
Menem, que era senador desde 2005 do peronismo, foi hospitalizado várias vezes nos últimos meses. Em 29 de dezembro, ele não conseguiu participar da votação no Senado sobre a lei do aborto na Argentina porque estava internado.
Reeleição
Natural da província de La Rioja, Menem governou a Argentina entre 1989 e 1999, com um programa neoliberal. Impulsionou a reforma da Constituição em 1994, que introduziu a reeleição presidencial imediata, além de remover o requisito de professar a religião católica a quem exerce a liderança do Estado. "Tinha um carisma enorme", disse o presidente Fernández hoje em uma entrevista ao canal C5N.
Privatizou a maioria das empresas públicas e implementou uma taxa de câmbio em paridade com o dólar, um esquema que gerou uma súbita abundância, mas que implodiu em 2001, culminando na pior crise econômica da história do país.
"Não conhecíamos o Menem neoliberal na época, porque não foi tema de sua campanha (eleitoral)", lembrou Fernández. "É preciso reconhecer seu valor e seu apoio sempre à democracia. Quando veio a ditadura, ficou preso por anos", destacou o presidente.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, também o homenageou. "Hoje morreu o presidente Carlos Menem, que marcou a década de 90 na Argentina e foi um bom amigo do Chile", escreveu no Twitter. "Minha solidariedade à sua família e ao povo argentino e que Deus receba sua alma".
Menem também indultou os máximos responsáveis da última ditadura (1976-1983) que haviam sido processados e membros de organizações de guerrilha. Menem foi investigado judicialmente em vários casos por corrupção, mas nunca houve uma condenação firme.
Ficou em prisão domiciliar preventiva em 2001 por um julgamento por contrabando de armas para a Croácia e Equador, mas foi libertado semanas depois por decisão do Tribunal Supremo da Justiça e posteriormente foi absolvido por excesso de prazo em um caso que levou 25 anos.
A jurisdição o esquivou da prisão nos julgamentos que enfrentou, entre eles um por encobrir o atentado contra a associação judaica AMIA em 1994, que causou 85 mortes. Em 2019, recebeu uma nova condenação a três anos por peculato, sem cumprir a pena devido à sua imunidade como senador.
O ex-presidente se casou e se divorciou duas vezes, a primeira com Zulema Yoma e a segunda com a ex-Miss Universo chilena Cecilia Bolocco. Com Zulema teve dois filhos: Zulemita e Carlos. Com Bolocco teve Máximo. (AFP)