Navio iraniano em Paranaguá recebe alimentos via barcaças vindas do continente
As sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos ao Irã estão se refletindo em águas brasileiras. Dois cargueiros iranianos fundeados próximos ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense, não conseguem deixar o País em consequência de um impasse judicial. A tripulação dos navios vive embarcada e conta com a ajuda do continente para receber mantimentos. Eles comercializam milho e ureia, base da balança comercial entre os dois países.
Um dos navios, o MV Bavand, está carregado com 48 mil toneladas de milho e deveria ter retornado ao Irã dia 8 de junho, enquanto o MV Termeh espera, desde o dia 9 de junho, abastecimento para ir até o Porto de Imbituba (SC), para receber uma carga de milho também. Ele está um pouco mais afastado do porto, a cerca de 20 quilômetros do cais.
Segundo a assessoria dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), os navios vêm recebendo alimentações por meio de barcaças que se deslocam do continente até eles. O Bavand tem 20 tripulantes e nenhum deles saiu do navio desde o começo do impasse.
Em nota, a Petrobras explicou sua opção por não abastecer os navios. "Caso a Petrobras venha a abastecer esses navios, ficará sujeita ao risco de ser incluída na mesma lista, sofrendo graves prejuízos decorrentes dessa sanção. Vale ressaltar que existem outras empresas capazes de atender à demanda por combustível", informa.
Além disso, a Petrobras alega que os navios carregariam ureia, que também estariam sujeitas a sanções norte-americanas.
"Os navios contratados pela empresa importadora encontram-se sancionados pelos Estados Unidos e listados na Specially Designated Nationals and Blocked Persons List (SDN), da Office of Foreign Assets Control (OFAC). Além disso, há notícia de que esses navios vieram do Irã carregados com ureia, produto também sujeito a sanções norte-americanas".
A assessoria da Appa também informou que nenhum barco chegou a carregar no local. "Nenhuma das embarcações movimentou ou vai movimentar carga pelos terminais paraenses. Para abastecer, os navios não precisam atracar", informou.
As agências responsáveis pelos navios, a Unimar e Friendship não se manifestaram. Procuradas pela reportagem se limitaram a dizer que "não havia nada a declarar", conforme contatos com suas bases em Imbituba e em Santos. (Estadão Conteúdo)