‘Nicarágua não pode parar’, diz Ortega

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Cientista testa medicamento para combater o Covid-19. Crédito da foto: Kena Betancur / Getty Images / AFP (28/2/2020)

A Nicarágua é um dos poucos lugares do mundo onde ainda é possível fazer compras, levar as crianças às escolas, pegar um ônibus e ver um jogo de futebol. Não há isolamento social no país de 6 milhões de pessoas por decisão de seu presidente, Daniel Ortega, um ex-guerrilheiro que criou seu próprio regime na América Central. Ele governou o país de 1985 a 1990. Voltou ao cargo em 2006 e foi reeleito em 2011 e 2016, em eleição contestada pela oposição e pela comunidade internacional.

Oficialmente, a Nicarágua registra nove casos confirmados de Covid-19 e uma morte. “A única coisa que podemos concluir é que estão jogando uma roleta russa com a população da Nicarágua, apostando na imunidade de grupo ou acreditando que se pode ocultar o verdadeiro impacto do coronavírus”, afirmou o engenheiro Félix Maradiaga, membro da plataforma de oposição Unidad Nacional.

Além de o governo de Ortega não tomar medidas para conter a disseminação do vírus, como em outros lugares do mundo, Maradiaga relata que as autoridades nicaraguenses estão promovendo ações que provocam aglomerações, como festas e eventos políticos. “São medidas que promovem a propagação do vírus.”

A avaliação da oposição, que ouviu médicos e epidemiologistas, é que o país está na fase de incubação do vírus e os casos aumentarão nos próximos dias. “Há grande probabilidade de que haja uma explosão”, explica Maradiaga. ‘Mas ainda estamos em tempo de achatar essa curva de contágio por meio de uma quarentena.” (Estadão Conteúdo)