Trump celebra 'bom começo' após cúpula com Putin

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"Acho que foi um bom começo. Muito, muito bom começo para todo o mundo", declarou Trump - BRENDAN SMIALOWSKI/AFP

O presidente americano, Donald Trump, considerou seu primeiro encontro o colega russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira (16), em Helsinque, como um "bom começo" a seus esforços comuns para reduzir as tensões entre Washington e Moscou. "Acho que foi um bom começo. Muito, muito bom começo para todo o mundo", declarou Trump à imprensa, após um histórico encontro a sós, de mais de duras horas, no salão do palácio presidencial da capital finlandesa.

Na sequência, os dois dirigentes acolheram suas respectivas delegações para discussões ampliadas antes de uma entrevista coletiva conjunta."É um grande prazer encontrá-lo", declarou Putin, acrescentando que "chegou a hora de conversar de modo substantivo sobre nossas relações e as áreas problemáticas do mundo".

Já Trump manifestou sua esperança de estabelecer uma "relação extraordinária" com o presidente russo. "Se entender bem com a Rússia é uma coisa boa, não uma coisa ruim", declarou, ao lado de Putin. Não é de hoje que Trump diz esperar construir uma relação pessoal com o ex-oficial da KGB, que dirige a Rússia desde 2000. E, pouco antes do primeiro aperto de mão, ele deixou antever qual seria o tom do encontro, em um tuíte inesperado.

"Nossas relações com a Rússia NUNCA foram tão ruins por causa de anos de insensatez e de estupidez dos Estados Unidos e, agora, a Caça às Bruxas manipulada!", tuitou, referindo-se à investigação da trama russa liderada pelo procurador especial Robert Mueller. Sem surpresa, a mensagem agradou a Moscou. "Estamos de acordo", respondeu o Ministério russo das Relações Exteriores, em uma incomum troca de mensagens pelo Twitter.

'Sinal preocupante'

Torrey Taussig, analista da Brookings Institution, vê nesse tuíte um "sinal preocupante". Se as relações com Moscou estão tão ruins - lembra ela - é por causa "da atitude de Putin na Ucrânia e na Síria, da interferência em eleições democráticas... e a lista é longa".

Da Síria à Crimeia, vários diplomatas e analistas temem que o magnata nova-iorquino faça uma série de concessões ao colega russo. Até agora, Putin se manteve em silêncio sobre suas expectativas e sobre sua estratégia.

A Síria deve ter um lugar de destaque nas discussões, com um presidente americano impaciente para se distanciar desse conflito e retirar suas tropas estacionadas no país. Já a Rússia, que intervém em apoio ao regime de Bashar Al-Assad desde 2015, tem mais do que nunca a intenção de desempenhar um papel-chave na Síria.

Em relação à Crimeia, Trump se mantém há semanas na ambiguidade, recusando-se a excluir explicitamente o reconhecimento de sua anexação por parte da Rússia. Assim como seus antecessores democratas e republicanos, Trump já se reuniu com Putin, mas, desta vez, o formato do encontro e o momento escolhido fazem dele um evento especial.

Última etapa da viagem

A cúpula bilateral é a última etapa de sua viagem de uma semana pela Europa, na qual Trump atacou duramente seus aliados, em especial a Alemanha, sem criticar o presidente russo. Apesar da tensão da cúpula da última semana, Trump garantiu nesta segunda-feira que a Otan "nunca esteve tão forte".

Também deve ter um peso importante no encontro a investigação liderada pelo procurador Mueller sobre a ingerência russa a favor de Trump na campanha presidencial de 2016. Ela voltou ao centro dos debates, após a acusação de 12 agentes russos de Inteligência, suspeitos de terem hackeado e-mails do Partido Democrata.

Em uma carta aberta, um grupo de senadores democratas pediu ao presidente que não negocie sozinho com Putin: "Ele deve ter outros americanos no recinto". "Se estou pronto? Totalmente pronto!", é o que diz Trump há semanas. "Eu me preparei toda minha vida para esse tipo de coisa", disse recentemente a partidários em Montana, referindo-se à cúpula bilateral.

Esta é a quarta vez que um presidente americano e um russo se encontram na capital finlandesa, seguindo o caminho de Gerald Ford e Leonid Brejnev (1975), George Bush e Mikhail Gorbatchev (1990), Bill Clinton e Boris Yeltsin (1997).