Trump pede demissão de repórter por publicar supostas críticas do presidente a veteranos

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Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Donald Trump é presidente dos Estados Unidos. Crédito da foto: Brendan Smialowski / AFP (4/9/2020)

O presidente Donald Trump pediu à emissora Fox News que demita sua repórter que cobre temas de segurança nacional. A solicitação aconteceu após ela confirmar afirmações do mandatário republicano depreciando os veteranos de guerra dos Estados Unidos.

Trump publicou na sexta-feira (4) à noite uma mensagem de repúdio na rede social Twitter. O presidente afirmou que a repórter "Jennifer Griffin deveria ser demitida por este tipo de matéria. Ela nunca nos ligou para pedir que comentássemos".

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1302083885384249344?s=20

Griffin informou que dois ex-funcionários do governo confirmaram que o presidente "não queria levar adiante uma cerimônia para homenagear os mortos de guerra americanos" no cemitério de Aisne-Marne, nos arredores de Paris. O evento foi cancelado oficialmente devido ao mau tempo.

O líder republicano, que em novembro buscará a reeleição, é objeto de críticas desde que a revista The Atlantic publicou que ele teria chamado de "perdedores" e "burros" os soldados americanos mortos na Primeira Guerra Mundial. A declaração teria sido feita durante uma visita à França em 2018.

Um ex-funcionário citado pela repórter comentou que Trump havia usado a palavra "burros" para criticar os militares mortos, mas em um contexto diferente relacionado à Guerra do Vietnã. "Quando o presidente falou sobre a Guerra do Vietnã, ele disse: 'foi uma guerra estúpida. Todos que aceitaram ir foram burros'", explicou Griffin ao citar um ex-funcionário do governo não identificado.

Trump, porém, se defendeu das acusações após a publicação da matéria. Ele tuitou que tratava-se de "notícia falsa" (fake news).

https://twitter.com/realDonaldTrump/status/1302222781661220864?s=20

A Fox News, que habitualmente exibe uma postura mais simpática com Trump em seu noticiário, tem sido criticada por aparentemente ignorar os relatos de Griffin ao abordar a história. Vários colegas da repórter na Fox a defenderem publicamente no Twitter, assim como o congressista republicano Adam Kinzinger, que chamou a profissional de "justa e sem medo". "Posso dizer ao presidente que minhas fontes são irretocáveis. Não são anônimos para mim, e acredito que o presidente as conhece", se defendeu Griffin neste sábado.

Pouco antes do The Atlantic publicar a história, uma pesquisa realizada pelo Military Times e o Instituto para Veteranos e Família de Militares da Universidade de Syracuse descobriu que somente 37,4% dos militares na ativa apoiam a candidatura à reeleição de Trump, contra 43,1% para seu rival, o democrata Joe Biden. (AFP)