Automec aponta bom sinal
Fernando Calmon
A 14ª edição da Automec, feira internacional bienal de autopeças realizada semana passada em São Paulo, superou as expectativas. Ocupou todo espaço disponível de 90 mil m², além de 20 mil² de área de interação. Atraiu 75 mil visitantes, a grande maioria de profissionais, e se transformou na segunda maior deste setor no mundo. É o maior evento comercial da América Latina, segundo a Reed Exhibitions, pois as rodadas de negócios nacionais e internacionais somaram R$ 77 milhões.
O setor de reposição de autopeças espera movimentar até 2020 cerca de R$ 142 bilhões, segundo estudo da consultoria Roland Berger. Em 2017 foram R$ 95 bilhões. Embalada com o crescimento no faturamento de 12,8% no primeiro bimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2018, a indústria brasileira de autopeças não perdeu a oportunidade de "marcar terreno" para enfrentar forte concorrência do exterior, em especial da China, Turquia, Índia e Coreia do Sul, além de fabricantes da América do Sul.
O pavilhão internacional atraiu 580 marcas de 26 países, 200 a mais do que em 2017. China liderou com 10% do total dos estandes. Além de Índia, Turquia e Coreia do Sul os alemães vieram pela primeira vez. Estrangeiros representaram mais de um terço dos 1.500 expositores.
Um evento importante foi o Encontro da Indústria de Autopeças. "Vivemos momentos de disruptura em todas as atividades. Na nossa, isso é ampliado pela forte concorrência mundial e novos rumos da mobilidade, conectividade, automação e eletrificação dos automóveis", afirmou Dan Iochpe, presidente do Sindipeças.
Herbert Demel, CEO da canadense Magna e ex-presidente da VW do Brasil, ressaltou que o poder de compra no Brasil triplicou desde 1980. "Os negócios vão florescer principalmente porque o País tem o etanol, que poderá ser muito bem utilizado em motores híbridos."
Sobre o futuro da eletrificação continua a falta de consenso. Volker Barth, ex-presidente da Delphi do Brasil e hoje diretor da consultoria americana The Horizons Group, enfatizou: "Eu não acredito que o futuro seja o automóvel elétrico com bateria. Acho que muita gente corre depressa demais por esse caminho."
Rafael Chang, presidente da Toyota do Brasil, destacou que sua empresa investe na eletrificação, mas dá um passo de cada vez. "Acreditamos que híbridos flex, como nosso Corolla, proporcionarão escala de produção mais imediata. Não seria tão viável iniciar com um produto totalmente elétrico".
Para Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, a indústria brasileira precisa fugir de amarras tributárias. "Nossos custos de produção são inferiores cerca de 10% em relação a um modelo equivalente nos EUA. Mas quando chega às concessionárias aqui, o carro custa até 35% mais caro. Não é possível ser competitivo com uma carga tributária de 40 a 50% do preço final de um veículo".
Entre muitas novidades que foram apresentadas nesta Automec, o revolucionário filtro sem papel da italiana UFI, o óleo lubrificante sintético da brasileira Petrol e o adesivo universal da alemã Loctite para restauração de rodas de liga leve trincadas em menos de meia hora.