MBL e Vem Pra Rua querem ato apartidário
As manifestações pelo impeachment de Jair Bolsonaro marcadas para hoje ocorrem em meio ao esforço dos organizadores para manter um caráter apartidário e sem palanques para 2022. Os protestos foram convocados por movimentos de direita e depois reforçados pela adesão de centrais sindicais e do PDT de São Paulo, mas alguns líderes ainda resistem à ideia de abrir espaço ao PT e a setores da esquerda organizados numa campanha paralela, que também pede a saída do presidente.
Este é o primeiro ato de rua organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua na campanha pelo impeachment de Bolsonaro. Mesmo que tenham objetivo em comum com a esquerda, a aproximação é um tabu, uma vez que esses movimentos ganharam projeção nacional durante a campanha pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
O protesto previsto para hoje é encarado pelas lideranças como uma oportunidade de resposta às manifestações bolsonaristas de 7 de Setembro, quando manifestantes pediram o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar no País, e o presidente afirmou que deixaria de cumprir ordens judiciais do ministro Alexandre de Moraes. A carta na qual Bolsonaro sinalizou um recuo, publicada na quinta-feira, foi encarada com ceticismo pelos organizadores.
Até a semana passada, organizadores do ato defendiam uma oposição tanto a Bolsonaro quanto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições de 2022. Após conversas com centrais sindicais, porém, o MBL concordou em revogar o mote “nem Lula, nem Bolsonaro” e focar apenas no impeachment do presidente. Ainda assim, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) não aderiu à manifestação. (Estadão Conteúdo)