CPI convocará ex-esposa de Bolsonaro

Por Da Redação com Estadão Conteúdo

Advogado Marconny Faria prestou depoimento ontem à CPI.

Em mais uma derrota para o governo de Jair Bolsonaro, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado, aprovou nesta quarta-feira, 15, um requerimento para convocar a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, para prestar depoimento. O motivo é a relação dela com o advogado Marconny Albernaz Faria, que prestou depoimento ontem à CPI e acabou como investigado sob suspeita de ter atuado como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que fechou contrato bilionário com o Ministério da Saúde para vender vacinas.

Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Faria demandou a ex-mulher de Bolsonaro por duas vezes em questões relacionadas ao governo. Em uma delas, afirmou o parlamentar, o advogado pediu uma ‘atenção especial‘ para um caso de investigação de corrupção e, na outra, solicitou interferência para um cargo público. Ana Cristina é mãe de Jair Renan, o quarto filho do presidente, com quem Faria também admitiu ter relação de amizade. Ana Cristina e Jair Renan moram hoje em Brasília.

Lobista

O lobista Marconny Albernaz de Faria revelou à CPI da Covid que a estratégia apontada por senadores como um manual para burlar um processo licitatório de venda de testes ao governo federal foi elaborada pela Precisa Medicamentos. Integrantes da comissão resgataram mensagens trocadas entre Marconny e o ex-funcionário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ricardo Santana, em que eles conversam sobre uma “arquitetura ideal” para o processo de venda ao ministério prosseguir.

Ao ser questionado sobre quem teria criado tal “arquitetura ideal”, Marconny diz ter recebido o plano da área técnica da Precisa Medicamentos. A CPI apura a atuação do lobista para destravar a compra de milhares de kits de reagentes para exame de Covid-19. A venda, que seria feita pela Precisa ao Ministério da Saúde, não foi adiante.

Apesar de negar que tenha feito lobby, Marcony disse que fez análises e assessoramentos políticos para a Precisa. Questionado pelos senadores para explicar como teria sido feito o trabalho, ele não soube dizer. (Da Redação com Estadão Conteúdo)