Prevent Senior admite que mudou registros
O diretor executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, admitiu ontem (22) que a operadora de saúde alterou fichas de pacientes internados em hospitais da rede para retirar o registro de Covid-19, inserindo outra doença no lugar. A declaração foi dada ontem à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que investiga a conduta da operadora de plano de saúde. Senadores acusaram o executivo de ter confessado um crime.
A empresa se tornou alvo da CPI após médicos denunciarem que a rede se tornou uma espécie de “laboratório” para testar a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento da Covid. Um dossiê elaborado por ex-funcionário da Prevent Senior, entregue à CPI, apontou atestados de óbitos fraudados de forma a omitir mortes pela doença.
Um dos casos é o da mãe do empresário Luciano Hang, Rosana Hang, que foi internada em um hospital da rede em São Paulo com diagnóstico de Covid no dia 31 de dezembro e morreu cerca de um mês depois. No atestado de óbito, no entanto, não há menção à Covid. A revista Piaui informou que o mesmo ocorreu no caso do médico Anthony Wong, um defensor do chamado “tratamento precoce” nas redes sociais.
Em nota, Hang disse que sua mãe morreu por complicações da Covid-19 e declarou “total confiança nos procedimentos adotados pelo Prevent Senior”. A operadora nega ter fraudado as declarações de óbito.
O volume de suspeitas de fraude complicou ontem a situação do diretor da Prevent. Pressionado pelos senadores, ele acabou admitindo a troca do CID após ser confrontado com uma mensagem de WhatsApp, de 17 de novembro de 2020, na qual um médico da rede pede para “padronizar” o CID “para qualquer outro (código), exceto B34.2 (da Covid)”. (Estadão Conteúdo)