Árvore mais antiga do Brasil fica em SP e pode ser vista
Com 42 metros de altura e 4 metros de diâmetro, é o maior jequitibá-rosa de São Paulo
O Parque Estadual Vassununga comemorou ontem (26) 51 anos de história e, para celebrar, está sendo reaberto depois de três anos fechado, inicialmente por uma invasão de javalis e depois por causa da pandemia de Covid-19. E lá está um sobrevivente da natureza, o Patriarca, árvore anterior à chegada dos portugueses por aqui e considerada por estudiosos ligados à USP a mais antiga do Brasil, destaca o Estadão.
“Só de eu falar dela eu me emociono. Tenho uma convivência de 27 anos com ela”, conta Waldonésio Borges Nascimento, auxiliar de apoio à pesquisa científica no parque e uma espécie de faz-tudo por lá. “Quando cheguei aqui os pesquisadores falaram que essa árvore tinha 3 mil anos. Depois vieram outros pesquisadores, fizeram teste de carbono, e estimaram entre 600 e 900 anos. Para mim, ela tem 3.027 anos”, diz.
Com 42 metros de altura e 4 metros de diâmetro (são necessárias 13 pessoas para “abraçar” a árvore), é o maior jequitibá-rosa de São Paulo, segundo a Fundação Florestal -- é um pouco mais baixo que uma árvore da mesma espécie em Camacã, na Bahia. A mais alta conhecida é um angelim vermelho gigante da Amazônia, de 88 metros. Mas a principal diferença é que o Patriarca pode ser visitado em Santa Rita do Passa Quatro, a cerca de 245 km de São Paulo, em uma larga trilha (passa até carro) de cerca de mil metros. Ou seja, enquanto as grandes árvores da Amazônia ficam a 220 km de qualquer concentração humana, com acesso muito complicado, o Patriarca está quase na beira da Rodovia Anhanguera.
Outros jequitibás enormes se foram com o tempo. Dois famosos, em Campinas (o Seo Rosa) e em Carangola (MG), não aguentaram o peso do tempo em seus troncos. Mas o Patriarca está firme e forte e virou uma grande atração turística, até pelo cuidado com ele nos últimos anos -- e também porque, de tão grande, não existia equipamento décadas atrás para cortá-lo. Então ele foi deixado de lado e sobreviveu. “Antigamente as pessoas vinham, entravam com o carro aqui dentro e faziam rituais religiosos por causa da ‘energia’ da árvore. Jogavam restos mortais em torno dela, acendiam velas”, relata Waldonésio.
Com o tempo, o parque foi ficando cada vez mais organizado e, com de trilhas e sinalizações de diversas árvores, é possível chegar bem perto da árvore. E só assim dá para sentir a “escala” em relação ao tamanho da árvore, o equivalente a um prédio de 14 andares.
Para cuidar do Patriarca e evitar a lixiviação do solo, que levava embora a matéria orgânica, foi necessária uma quantidade enorme de terra nas raízes, que veio em dez caminhões. Agora, outro problema está em um dos troncos no alto, que foi atingido por um raio. Waldonésio espera que cheguem recursos para tratar desse problema e não deixar que a situação se agrave. “O parque tem de 300 a 400 jequitibás de grande porte. Tem ainda um cerrado de 2 mil hectares e existem onças pardas, tamanduás-bandeira e lobo-guará, entre outros animais.”
Nesse período em que o parque ficou fechado, Waldonésio ajudou a monitorar os javalis. Um drone com câmera térmica ajudava a rastrear os animais na mata e o funcionário posicionava armadilhas estrategicamente. Aos poucos foram retomando o controle da situação, até porque os javalis marcam os troncos das árvores para afiar os dentes e pisoteiam as nascentes, prejudicando o solo. (Estadão Conteúdo)