Covid: estudo detecta sintomas em crianças 3 meses após contágio
Pesquisa foi realizada pelo Hospital das Clínicas da USP; dos 53 pacientes acompanhados, 43% tiveram sintomas prolongados da doença
Estudo feito no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) identificou sintomas prolongados da Covid-19 em 43% crianças e adolescentes três meses após a infecção. A pesquisa, que acompanhou 53 pacientes, foi publicada na revista científica Clinics, mantida pelo hospital.
Os pacientes, com idades entre 8 e 18 anos, foram monitorados por mais de 4 meses. Dentro do grupo de 53 que tiveram a infecção por Covid-19 confirmada, 23 crianças e adolescentes apresentaram sintomas até 3 meses depois de ficarem doentes.
Os sintoma mais presentes foram dores de cabeça, reportadas por 19% do total de pacientes. Dores de cabeça fortes e recorrentes foram a queixa de 9%, mesmo percentual disse ter cansaço. A falta de ar afetou 8% e a dificuldade de concentração, 4%.
Entre as crianças e adolescentes que continuaram manifestando sintomas, 70% tiveram Covid-19 considerada leve e 30% ficaram doentes de forma considerada moderada ou grave. Exames indicaram ainda que 11% dos jovens que tiveram a doença apresentaram anemia nos exames de acompanhamento.
Os resultados foram comparados com um grupo de controle com 52 crianças e adolescentes com perfil semelhante que não foram diagnosticadas com a infecção. Como conclusão, o grupo de pesquisadores responsável pelo trabalho avalia que a maioria das crianças e adolescentes que passam pela infecção têm total recuperação em até quatro meses. "No entanto, pacientes com sintomas persistentes podem ter dificuldades que afetam sua qualidade de vida", destaca o texto.
Devido às manifestações contínuas, os pesquisadores recomendam que crianças e adolescentes sejam monitoradas de perto por uma equipe clínica após contraírem Covid-19. O trabalho foi coordenado pelos pesquisadores Clovis Artur Silva, Maria Fernanda Pereira e pelo grupo de estudos em pós-Covid-19 pediátrica do HC da USP. (Agência Brasil)