Bahia resgata 16 pessoas em situação análoga à escravidão

Por Cruzeiro do Sul

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), coordenado por auditores-fiscais do trabalho, resgatou 16 trabalhadores em situação análoga ao de escravo em uma propriedade rural na cidade de Santa Luzia (BA), resultado de uma operação que começou no último dia 11. O resgate aconteceu em razão das péssimas condições de vida, moradia e trabalho.

Do total de 16 pessoas, 15 trabalhavam na extração de fibras de piaçava -- entre elas um menor de idade, de 14 anos -- e uma na criação de gado. Um primeiro grupo de trabalhadores, relata a GEFM, não tinha acesso a algum alojamento e pernoitavam no meio da mata, em barracos de lonas; o segundo grupo e o vaqueiro viviam em dois casebres de madeira, na sede da fazenda, com mínimo conforto.

Não havia camas para as pessoas. Alguns trouxeram redes de suas casas; não existia chuveiro, lavatório ou outra instalação sanitária. Sem acesso à água potável, os trabalhadores iam até um riacho para beber água, cozinhar refeições ou tomar banho no mesmo lugar que o gado utilizava.

“A única (água) que tem é essa”, relatou um dos trabalhadores. “Uma água mais saudável é melhor. Mas a única que tem é essa aí, a gente tem que se manter com essa mesmo.”

Os 16 trabalhadores estavam sem o registro em carteira de trabalho e a maior parte ganhavam valor abaixo de um salário-mínimo mensal. De acordo com a coordenadora de equipe do GEFM, a auditora-fiscal do trabalho Gislene Stacholski, os empregadores responsáveis foram notificados a regularizar o vínculo dos trabalhos irregulares encontrados, a quitar as verbas rescisórias dos empregados resgatados e a recolher o FGTS e as contribuições sociais previstas de todos os trabalhadores.

Nesta segunda-feira (18), os 16 trabalhadores receberam R$ 55 mil de verba rescisória. Eles também vão ter direito a três parcelas de seguro-desemprego especial. (Estadão Conteúdo)