Polícia se opõe à CPI da Covid e isenta Prevent Senior de mortes
O relatório final da investigação diz não terem sido encontradas irregularidades na atuação da operadora de saúde no tratamento de pacientes com a doença
A Polícia Civil de São Paulo apresentou à Justiça o relatório final da investigação sobre a conduta da Prevent Senior na pandemia. O documento isenta a operadora de planos de saúde de irregularidades no tratamento de pacientes com Covid-19.
"Não foram encontrados elementos informativos caracterizadores de ilícito penal praticados por funcionários da operadora de saúde, nem por médicos, ex-funcionários desta, denunciados por violação do dever funcional", diz um trecho do relatório.
A delegada Lisandrea Calabuono concluiu que não há provas de que as mortes de segurados da Prevent Senior estejam relacionadas ao uso do chamado kit-covid. Também afastou a narrativa de que os médicos da operadora sofreram pressão interna para prescrever medicamentos como hidroxicloroquina e invermectina, inclusive, sem o consentimento dos pacientes.
"Todos os laudos periciais realizados através da análise dos prontuários médicos das vítimas descreveram que a causa mortis seria Covid-19, mas não é possível relacionar este resultado ao tratamento aplicado, não havendo, portanto, qualquer nexo de causalidade", escreve a delegada. O documento ainda descarta as acusações de que a empresa recomendou tratamento paliativo a pacientes graves para reduzir custos e omitiu a Covid-19 como causa da morte nas certidões de óbito.
Procurado pela reportagem, o advogado Aristides Zacarelli Neto, que representa a Prevent Senior, disse que o relatório começa a evidenciar acusações "injustas" contra a operadora. "É o primeiro resultado de uma investigação técnica que mostra que a Prevent Senior foi alvo de uma injustiça semelhante à sofrida pela Escola Base há quase 30 anos", afirma.
O relatório se baseou em perícias e depoimentos de executivos, médicos e outros funcionários da Prevent Senior, além de pacientes e familiares de vítimas do novo coronavírus. O documento sigiloso foi enviado ao Tribunal de Justiça de São Paulo na segunda-feira (18), às vésperas da visita de vereadores da CPI da Prevent Senior ao Ministério Público do Estado. Os parlamentares são esperados nesta quarta-feira (20), para a entrega da conclusão dos trabalhos na Câmara Municipal ao procurador-geral de Justiça Mário Sarrubbo.
As conclusões da Polícia Civil de São Paulo contrariam outra comissão parlamentar: a CPI da Covid que operou no Senado Federal no ano passado. Os senadores sugeriram o indiciamento de 11 pessoas ligadas à Prevent Senior. As suspeitas mais robustas contra a empresa vieram a público a partir de depoimentos prestados por um grupo de médicos aos parlamentares em Brasília. (Estadão Conteúdo)