Bolsonaro fala em manter teto
Regra que limita o crescimento das despesas "tem consequências piores possíveis devido ao efeito sobre o dólar e a bolsa"
Ao ser questionado nesta sexta-feira (26) sobre a contratação de professores de educação física para as escolas públicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ressaltou a restrição orçamentária no País e disse que vai manter o teto de gastos - a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.
Candidato à reeleição, o chefe do Executivo afirmou, em entrevista ao Ironberg Podcast, do fisiculturista Renato Cariani, que as consequências de ampliar as despesas são as "piores possíveis" devido ao efeito sobre o dólar e a bolsa.
"Hoje em dia, muita gente reclama sobre isso aí teto. Mas eu entendo que, se você ampliar os gastos, as consequências serão péssimas para todo mundo. Então, vamos manter o teto de gastos e, na medida do possível, atendendo nem que seja a conta-gotas anseios como esse", disse Bolsonaro. "Tem que fazer uma conta bem feita, até porque o meu governo foi o primeiro que tem teto de gastos. Eu tenho um limite para gastar. Quanto mais eu empurro de um lado, vou ter que tirar de outro lugar. Você não tem como tirar de outro lugar, estamos no limite do limite", emendou.
O presidente disse que o gasto com servidor público é "bastante alto" no Brasil, mas voltou a sinalizar que deve haver reajuste salarial para as categorias em 2023. "Não dá para a gente aumentar despesas ou prometer durante um período eleitoral como o que gente está agora para ganhar simpatia dos nossos muitos professores de educação física", disse Bolsonaro.
Na prática, o governo Bolsonaro "driblou" o teto de gastos em diversos momentos nos últimos anos. Na ocasião mais recente, o Executivo conseguiu aprovar no Congresso uma emenda constitucional que decretou emergência no País para viabilizar o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 a R$ 600, até o final do ano, e a concessão de novos benefícios sociais, às vésperas das eleições e fora do teto. No final de 2021, os parlamentares aprovaram outra medida que adiou o pagamento de precatórios e liberou mais de R$ 100 bilhões no Orçamento de 2022.
(Estadão Conteúdo)