Funcionários da Cemig e empresários são investigados por fraude

Investigações da "Operação Mau Contato" indicaram que grupo atuava em conluio com empresários para fraudar as contratações

Por Cruzeiro do Sul

Sede do Ministério Público de Minas Gerais

Os Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e de São Paulo (MPSP), em conjunto com as Polícias Civis dos dois Estados e com a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais, deflagraram na manhã desta terça-feira (30) a "Operação Mau Contato", com o cumprimento a nove mandados de busca e apreensão contra funcionários da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig) e empresários do ramo de cabos e materiais elétricos que atuam como fornecedores da estatal.

Conforme informou o MPMG, a operação marca o encerramento da primeira fase de investigações de Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que foi instaurado após término de investigação corporativa interna da própria Cemig, concluída ao final de 2020 e que resultou no afastamento de dirigentes e empregados da companhia e rescisões de contratos com fornecedores, parte deles, agora, alvos da investigação conduzida pelo Ministério Público.

"As diligências realizadas nesta terça-feira visam a complementar as provas já produzidas, assim como aprofundar a hipótese de ocorrência de outros crimes contra a administração pública e financeiros, a partir da colheita de documentos, computadores, telefones celulares e dispositivos eletrônicos pessoais dos envolvidos, medidas autorizadas pelo juízo da Vara de Inquéritos da Capital", afirmou o MPMG.

Também foi autorizado o bloqueio e indisponibilidade de bens dos envolvidos, em um montante da ordem de R$ 132,261 milhões, com o intuito de garantir o futuro ressarcimento dos danos causados ao patrimônio da Cemig e aos consumidores e usuários do serviço.

Segundo nota divulgada pelo MPMG, as investigações indicaram que um grupo de empregados da Cemig atuava em conluio com empresários do ramo de produção e revenda de cabos condutores e outros materiais elétricos para fraudar as contratações da Cemig, desde a fase de licitação até a execução dos contratos.

Por cerca de dois anos, empregados atuaram diretamente para favorecer de forma ilícita alguns fornecedores, "que obtiveram grande lucro com a entrega de material imprestável à Cemig", afirmou o ministério público mineiro. De acordo com a instituição, uma apuração mostrou que a utilização do material entregue por essas empresas na rede elétrica gerida pela Cemig apresentava riscos à qualidade, desempenho e segurança da prestação de serviços e dos usuários, além de prejuízos financeiros.

Cemig

Procurada para comentar o assunto, a Cemig reforçou, em nota, que realizou uma investigação interna sobre denúncias de supostos casos de corrupção na área de compras da companhia, em colaboração com o MPMG. O processo teve apoio de assessores especializados para a condução da investigação, contratados pela Cemig.

A estatal mineira informou também que instaurou procedimento administrativo disciplinar (PAD) para apuração dos fatos e responsabilidades e, em 8 de janeiro de 2021, afastou cinco empregados que ocupavam posições de liderança da área de compras, sem prejuízo de seus vencimentos, para preservação da investigação.

Conforme a nota, a Cemig já informou às autoridades norte-americanas - DoJ e SEC - sobre a investigação das denúncias, com relatório compartilhado com essas autoridades, tendo em vista que a companhia tem ações negociadas na bolsa norte-americana. "A Cemig mantém total colaboração com as autoridades competentes e ressalta ser a maior interessada no esclarecimento dos fatos", concluiu.

(Estadão Conteúdo)