Desfile das Escolas de Samba de São Paulo lota o Sambódromo do Anhembi

Por Cruzeiro do Sul

Na manhã de sábado, a Gaviões da Fiel encerrou o 1º dia de desfile

Terminou, nesta madrugada, o 2º dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo. Sete escolas atravessaram o Sambódromo do Anhembi. A segunda noite foi aberta pela Estrela do Terceiro Milênio, a seguir estavam previstas as apresentações da Acadêmicos do Tucuruvi, Mancha Verde, Império de Casa Verde, Mocidade Alegre, Águia de Ouro e Dragões da Real

O primeiro dia de desfiles das escolas de samba foi marcado por enredos pela igualdade racial e contra a intolerância religiosa. Apesar do clima chuvoso, as arquibancadas ficaram lotadas. Rosas de Ouro, Unidos de Vila Maria e Gaviões da Fiel levantaram os presentes no Anhembi e arrancaram muitos aplausos do público.

Acadêmicos do Tatuapé e Tom Maior se destacaram pelas alegorias e fantasias de cores vibrantes. Não menos elogiada foi a Barroca Zona Sul, que resistiu à forte chuva que caiu durante o seu desfile. E como segue a tradição, a Independente Tricolor, segunda colocada do Grupo de Acesso no ano passado, abriu as apresentações.

Com inspiração na mitologia grega, a Independente Tricolor construiu o seu desfile sob o enredo Samba no pé, lança na mão, isso é uma Ilusão, que usa a Guerra de Troia para fazer uma associação com as vitórias e as conquistas dos territórios.

A comissão de frente trouxe Deus Apolo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira representaram Páris e Helena, casal cuja união desencadeou a guerra entre gregos e troianos. Afrodite, a deusa do Amor, foi representada nas alas das baianas e o exército de Esparta, no carro alegórico de abre-alas. Outra alegoria foi dedicada exclusivamente ao Cavalo de Troia.

A escola arrancou aplausos quando a bateria suspendeu a batucada por alguns segundos, permitindo que o samba-enredo fosse cantado à capela pelos foliões que assistiam o desfile do sambódromo.

Segunda a desfilar, a Acadêmicos do Tatuapé escolheu a cidade de Paraty, do litoral sul fluminense, para ser o tema central do seu enredo. A escola mostrou a chegada dos portugueses, o domínio sobre os indígenas e apresentou os diferentes ciclos econômicos - ouro, cana de açúcar e café - que fizeram parte da história do município, cuja arquitetura colonial que ainda pode ser vista em igrejas e casarões também foi representada no Anhembi.

A escola seguinte, a Barroca Zona Sul, levou para a avenida o enredo Guaicurus, tribo indígena da região do Pantanal. Debaixo de uma forte chuva, a agremiação fez uma apresentação que levantou a discussão sobre a proteção dos direitos dos povos originários e a necessidade de preservação da natureza e dos recursos naturais.

Perto de completar 70 anos, a Unidos de Vila Maria escolheu a história da própria escola para servir de enredo no seu desfile, o quarto da noite.

A apresentação da agremiação, fundada em 1954 e com sede no bairro Jardim Japão (localizado no distrito que dá nome à escola de samba), se sustentou sobre quatro pilares: a origem, a essência, a história e os feitos da escola para além das atividades carnavalescas.

Com um desfile carregado de cores vibrantes e alegorias caprichadas em referência a entidades e religiões de matriz africana, a Tom Maior foi a sexta escola a se apresentar. A agremiação desfilou com o enredo ‘Um culto às mães pretas ancestrais‘, e mostrou ao público que, tal como as mães, a África também simboliza o nascimento, a concepção da vida humana, a origem de tudo.

Última a se apresentar no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, a Gaviões da Fiel entrou na avenida com muito apoio das arquibancadas. Mesmo com o céu claro e uma chuva fraca que voltou a cair no começo da manhã de sábado, os foliões que conseguiram resistir às várias horas de desfile, ignoraram o cansaço, se levantaram e receberam a escola com muitas bandeiras e fumaça. (Estadão Conteúdo)