PF investiga venda de sentenças ao tráfico
A Polícia Federal fez buscas na manhã de ontem (14) em endereços de Brasília, Belo Horizonte e São Luiz para investigar suposto envolvimento de um desembargador federal e de seu filho, advogado, com a venda de sentenças para investigados por tráfico de drogas. A ofensiva foi batizada “Habeas Pater” e apura possíveis crimes de corrupção ativa e passiva. A PF não divulgou os nomes do desembargador nem de seu filho.
Agentes cumpriram, ao todo, 17 mandados de busca e apreensão -- nove em Brasília, sete e BH e um na capital maranhense. Durante as diligências, foram apreendidos R$ 270 mil em espécie na casa do advogado. A base da operação da PF fica em Minas.
Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça, que também proibiu o acesso dos investigados a “determinados locais”, assim como o contato entre eles.
A ofensiva é deflagrada em simultâneo à Operação Flight Level 2, que investiga suposta quadrilha especializada em tráfico de drogas à qual o magistrado federal e seu filho estariam ligados. A investigação também apura crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A Flight Level 2 cumpre dez ordens de prisão -- cinco preventivas e cinco temporárias -- e 25 mandados de busca e apreensão em endereços de Belo Horizonte, São Paulo e Florianópolis. A Justiça Federal também determinou o sequestro de 17 veículos e sete imóveis ligados aos investigados, além de bloquear as contas bancárias e criptomoedas de 34 alvos da investigação, incluindo empresas.
A primeira fase ostensiva da investigação foi deflagrada em abril de 2021 para investigar suposto esquema de transporte de drogas em aviões privados. O inquérito foi aberto em outubro de 2020, após apreensão, no Aeroporto Internacional de Lisboa, de um avião executivo brasileiro, com 175 quilos de cocaína. A aeronave teria partido de Belo Horizonte.
Segundo a PF, apurações indicaram que os envolvidos na etapa inicial da operação seriam uma “célula de uma organização criminosa maior voltada ao tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros”.
Os investigadores identificaram compras de imóveis, veículos de luxo, joias e criptoativos “sem que os rendimentos declarados fossem suficientes para justificar o acréscimo patrimonial no período”. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, as empresas envolvidas do esquema teriam movimentado mais de R$ 60 milhões. (Estadão Conteúdo)