MST invade área de pesquisa da Embrapa em Pernambuco
Há risco de prejuízo às pesquisas para conservação ambiental e de uso sustentável do bioma
Em uma retomada ao ‘abril vermelho‘, onda de invasões de terras e prédios públicos no País ao longo do mês, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiu no domingo (16), uma área de preservação ambiental e de pesquisas genéticas da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa Semiárido), órgão do governo federal, em Pernambuco. Outras sete propriedades rurais foram invadidas e seguem ocupadas no Estado.
As superintendências regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre e em Belo Horizonte, também foram alvo de protestos e invasões. Na capital mineira, os sem-terra exigem a demissão do superintendente Batmaisterson Schmidt, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. No Rio Grande do Sul e Minas Gerais, os prédios públicos seguem ocupados. Ações similares acontecem também em outros Estados.
A fazenda da Embrapa Semiárido fica em Petrolina, sul de Pernambuco. Segundo a empresa, a invasão aconteceu em terras agriculturáveis e de preservação da caatinga, onde são realizados experimentos e multiplicação de material genético básico de cultivares (sementes e mudas). Há risco de prejuízo às pesquisas para conservação ambiental e de uso sustentável do bioma (caatinga). A área também abriga animais ameaçados de extinção.
Por meio de nota, o MST afirmou que os atos relembram a morte de 18 sem-terra pela Polícia Militar, em 17 de abril de 1997, em Eldorado dos Carajás, no Pará. Só em Pernambuco foram oito áreas invadidas desde o início do mês - cinco no último fim de semana. Em nota, o movimento diz que estão sendo ‘ocupadas‘ terras ‘que não cumprem a função social da propriedade‘ e cobra o assentamento de famílias acampadas em todo o País.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ainda não se pronunciou. Nos três primeiros meses do governo Lula, as invasões de terra superaram as ocupações registradas ao longo todo o primeiro ano do governo anterior, de Jair Bolsonaro. (Estadão Conteúdo)