Lula enfrenta protestos no Parlamento português
Membros da extrema-direita vaiaram brasileiro durante discurso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou protestos dos parlamentares de extrema direita durante seu pronunciamento na sessão solene em que foi homenageado na Assembleia da República de Portugal na data que marca o 49º aniversário da Revolução dos Cravos, o fim da ditadura militar naquele país.
Dez parlamentares seguravam cartazes com os dizeres “Lugar de ladrão é na prisão” e “Chega de corrupção”. Os mesmos vaiaram o presidente brasileiro durante seu discurso e disseram que a visita na data festiva era um “erro tremendo”. Foram duramente repreendidos pelo presidente do Parlamento português, Augusto Santos Silva.
Jornais de Portugal e da Espanha repercutiram o protesto. O jornal português Público destacou os aplausos que Lula recebeu após terminar seu discurso, bem como seu pedido de desculpas ao parlamento pelo o que havia acontecido. O Diário de Notícias destacou também os protestos de brasileiros do Movimento Brasil Portugal, do lado de fora do parlamento.
Já o jornal on-line Expresso pontuou a alta tensão dentro do parlamento português na manhã de ontem. O portal citou que, mesmo que Lula tenha “desvalorizado o incidente e ridicularizado os deputados”, não deixou de atacar a extrema direita.
Os jornais espanhóis El País e DW Español também repercutiram os atos em Portugal. Segundo os periódicos, Lula foi recebido por aplausos e protestos de ambos os lados durante sua visita a Portugal. No El País, Lula foi classificado como um símbolo, “para o bem ou para o mal”.
No Brasil, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que os protestos foram “deploráveis atos de grosseria”, “perpetrados... ...por grupelho que não respeita os laços históricos e de amizade com o Brasil. Cá e lá, perderam e perderão sempre”, escreveu o ministro.
Liderado por André Ventura, o partido Chega tem hoje 12 deputados e é a terceira força política portuguesa, com fatia de 7%. O Partido Socialista detém maioria absoluta, com 120 deputados.
Ucrânia
Em sua fala ontem (25), Lula e relembrou fatos históricos do Brasil e Portugal e homenageou as duas democracias. “No Brasil, as forças democráticas demonstraram solidez e resiliência”, disse, reafirmando, em seguida, que “o Brasil voltou a ser internacional”.
Num segundo momento, o presidente, que encerrou as suas atividades oficiais com essa sessão solene, abordou os assuntos que fizeram parte da sua viagem a Portugal. Mais uma vez disse que o Brasil “condena a violação da integridade territorial da Ucrânia” e que “é preciso falar em paz”.
O presidente também discorreu sobre a sua vontade de viabilizar o acordo entre Mercosul e União Europeia e ressaltou a importância e disposição pela proteção ambiental. “O Brasil reconhece a importância da proteção ambiental e está preparado para ajudar o mundo com a transição energética”, continuou.
As questões sociais e a diversidade de gênero e raça também foram temas da fala do presidente. (Estadão Conteúdo e AFP)