Presidente fala com Putin e recusa convite para ir à Rússia

Conversa por telefone tratou da cúpula do G7 e da guerra na Ucrânia

Por Cruzeiro do Sul

Putin queria ouvir do brasileiro suas impressões sobre o G7

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o mandatário russo, Vladimir Putin, por telefone, e recusou um convite para visitar a Rússia. O telefonema ocorreu após a viagem de Lula ao Japão para a cúpula do G7, no fim de semana.

“Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir à Rússia neste momento, mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz”, escreveu Lula no Twitter ontem, referindo-se à invasão da Ucrânia.

Moscou confirmou a ligação e disse que “Lula expôs sua visão sobre possíveis esforços de mediação”. O comunicado de Moscou acrescentou que o brasileiro compartilhou com Putin suas impressões sobre a cúpula do G7. “Putin reforçou a disposição da Rússia ao diálogo, que está atualmente bloqueado por Kiev e seus patrocinadores ocidentais”, disse o governo russo.

Putin, segundo o comunicado, ressaltou que o Brasil é o principal parceiro econômico e comercial da Rússia na América Latina, embora tenha admitido que as trocas diminuíram “um pouco”. Os dois presidentes, Lula e Putin, devem se encontrar durante a cúpula do Brics na África do Sul, em agosto.

Nos últimos meses, Lula defendeu o fim das hostilidades entre Rússia e Ucrânia e propôs a criação de um grupo de países neutros para atuar como mediadores. Depois de comentários polêmicos sobre a guerra, em que atribuiu culpa a ambos os lados, Lula conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela primeira vez.

Em abril, o Brasil recebeu o chanceler russo, Serguei Lavrov, dias depois de enviar o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, para Moscou, que se encontrou com Putin. Tanto a viagem de Amorim quanto declarações de Lula foram criticadas em Kiev. No início do mês, Amorim viajou à Ucrânia onde se encontrou com Zelensky.

Na cúpula do G7, em Hiroshima, Zelensky também foi para o Japão e pediu um encontro com Lula, o que não aconteceu. Segundo o brasileiro, houve um desencontro. (Estadão Conteúdo, com agências internacionais)