Lucro dos quatro maiores bancos listados cai 8,7%
Semestre foi marcado pelo aumento da inadimplência
Os quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto tiveram lucro líquido de R$ 24,354 bilhões no segundo trimestre deste ano. O número é 8,7% menor que o do mesmo período do ano passado, em uma variação que mostra que o endividamento das famílias continua alto. No primeiro semestre, o resultado dos quatro caiu 7,3%, para R$ 47,709 bilhões.
Os primeiros seis meses do ano foram marcados pelo aumento da inadimplência, mesmo com o freio aplicado pelos bancos na concessão de crédito desde o ano passado. O alto grau de endividamento das famílias, resultado da aceleração da inflação em 2022 e da Selic em dois dígitos, fez com que os índices de inadimplência voltassem a crescer nos balanços dos quatro bancos.
Havia uma expectativa no mercado de que Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil sinalizassem claramente que o segundo trimestre foi o pior para os índices de atraso, mas este sinal não ficou claro. Enquanto o Itaú espera aumentos marginais dos índices, Bradesco e Santander sinalizaram que um ponto de inflexão está próximo, mas preferiram não cravar que o pior ficou para trás.
O analista de mercado Matheus Amaral afirma que o trimestre mostrou indícios de uma inflexão, mas que a melhora efetiva da qualidade do crédito deve ficar para o segundo semestre. “Não é certo dizer que o pico já chegou no segundo trimestre, mas começamos a ver sinais mais positivos”, disse.
Em conjunto, os quatro bancos separaram R$ 64,138 bilhões para cobrirem possíveis perdas de crédito, um volume 58% maior que o do mesmo intervalo do ano passado. A maior alta foi do Banco do Brasil, com provisões 129% maiores, de R$ 13,031 bilhões. O maior volume veio do Bradesco, que praticamente dobrou as despesas com provisões, para R$ 19,8 bilhões.
O Desenrola, programa de renegociação de dívidas criado pelo governo federal, não deve produzir efeitos consideráveis nos balanços dos bancos. Dos R$ 50 bilhões que o governo estima renegociar, 70% são em dívidas com outras contas, e apenas 30% com os bancos.
Os três bancos privados manifestaram visão parecida. Segundo eles, como as dívidas renegociadas são de pequena monta e em muitos casos, já haviam sido baixadas a prejuízo, o efeito do programa tende a ser indireto, por permitir que o brasileiro volte a tomar crédito. (Estadão Conteúdo)