Justiça determina reintegração de alunos expulsos por ato obsceno

Liminar atende ação movida por um estudante, mas beneficia todos os punidos

Por Cruzeiro do Sul

O ato aconteceu durante jogos universitários

 

A Justiça Federal determinou ontem (26) que a Universidade Santo Amaro (Unisa) reintegre 15 alunos expulsos na semana passada, após um vídeo em que estudantes aparecem nus durante uma competição esportiva viralizar nas redes sociais. Segundo o advogado Marco Aurélio de Carvalho, que representa a universidade, a Unisa já decidiu reintegrá-los, e os alunos vão responder a uma sindicância interna que pode resultar em nova expulsão, mas só ao final de processo em que eles terão direito de se defender.

A ordem liminar (provisória) para a reintegração foi da juíza Denise Aparecida Avelar, da 6ª Vara Cível Federal de São Paulo, a pedido do advogado Adilson José Vieira Pinto, que defende um dos alunos expulsos -- um calouro de 18 anos. Vieira Pinto foi delegado em Sorocaba e mantém uma unidade de seu escritório de advocacia na cidade e outra em São Paulo. Embora o pedido tenha sido apenas em relação ao seu cliente, a decisão beneficiou todos os estudantes, já que a juíza cancelou os efeitos da portaria que determinou a expulsão.

Como a ação tramita em segredo de Justiça, Vieira Pinto não pode dar publicidade à decisão, mas contou qual foi seu argumento: “Não questiono o que aconteceu durante o evento, porque isso tem de ser debatido dentro da sindicância aberta pela universidade. Questiono, isso sim, o respeito ao devido processo legal, ao contraditório. Meu cliente não pode ser expulso sem poder se defender”, alegou. “É um direito constitucional que foi desrespeitado. Ele não pôde se manifestar e isso está errado.”

O advogado da Unisa confirmou a decisão: “Os alunos serão reintegrados por decisão judicial. A universidade instaurou uma comissão de sindicância e eles terão oportunidade de se defender administrativamente das acusações que lhes foram imputadas”, disse Carvalho.

O vídeo que rendeu a expulsão dos alunos foi gravado durante uma competição esportiva universitária realizada em São Carlos em abril. Durante um jogo de vôlei feminino entre as equipes da Unisa e do Centro Universitário São Camilo, estudantes ficaram parcialmente nus e simularam masturbação. Nos vídeos, é possível ver o grupo mostrar as genitálias e, na sequência, fazer atos obscenos voltados para a quadra.

A Polícia Civil de São Paulo investiga os vídeos. Os gestos são tipificados como crime de ato obsceno -- manifestação de cunho sexual em local público ou aberto ao público, capaz de ofender o pudor médio da sociedade -- conforme o artigo 233 do Código Penal. O crime é punido com detenção de três meses a um ano, ou multa. (Estadão Conteúdo)