Greve anunciada do Metrô altera a data do Provão Paulista

Medida vale para todos os municípios do Estado de SP

Por Cruzeiro do Sul

Paralisação não ser motivada por reivindicações diretamente ligadas a condições de trabalho pode ser considerada abusiva

A Secretaria da Educação de São Paulo mudou as datas de aplicação do Provão Paulista em todos os municípios do Estado em razão da greve anunciada por funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp para terça-feira (28).

Os alunos da 3ª série do ensino médio que fariam o exame nos dias 28 e 29 agora vão fazê-lo nos dias 29 e 30 de novembro, quarta e quinta-feira, respectivamente. Estudantes da 1ª e da 2ª séries do ensino médio, que fariam a prova nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro (quinta e sexta-feira próximas), tiveram os testes transferidos para os dias 1º (sexta-feira) e 4 de dezembro (segunda-feira).

O exame será feito por 1,2 milhão de estudantes que buscam acesso às universidades públicas paulistas: USP, Unesp, Unicamp, Fatecs e Univesp. Ao todo, são 15.369 mil vagas para 2024.

A mudança das datas foi a solução encontrada para “não prejudicar os estudantes da rede estadual, que em sua maioria dependem do transporte público”, afirmou o Estado em nota na qual faz intensas críticas à greve. “A irresponsabilidade e a inconsequência dos grevistas prejudicam diretamente 1,2 milhão de estudantes inscritos para as provas que começariam justamente no dia 28. Entre eles, cerca de 1,7 mil alunos de outros Estados e de fora da rede estadual, que agora terão de arcar com novos custos em razão da greve”, segue a nota.

Será a terceira paralisação em dois meses -- a quarta em 2023. A greve vai provocar a paralisação das linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô, e as linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, da CPTM.
As categorias afirmam que os motivos que as levaram a cruzar novamente os braços são as privatizações de serviços públicos, como linhas da CPTM e Sabesp, terceirizações em atividades do Metrô, cortes de investimento na educação e demissões e suspensão de metroviários que participaram de paralisações anteriores.

A paralisação, por não ser motivada por reivindicações diretamente ligadas a condições de trabalho, pode ser vista como abusiva, segundo especialistas em Direito do Trabalho ouvidos pelo Estadão.

Provão Paulista

Os estudantes das 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio matriculados nas escolas estaduais de São Paulo já estão automaticamente inscritos no Provão Paulista -- basta comparecer à sua escola no dia da aplicação. Diferente de outros vestibulares, o Provão Paulista vai ser aplicado aos estudantes de todas as séries do ensino médio com provas personalizadas, de acordo com o nível de conhecimento esperado em cada etapa da educação básica.

A ideia é que, daqui três anos, os candidatos utilizem a soma da nota dos três Provões dos quais participaram para disputar uma vaga no ensino superior. Este ano, quem está no terceiro ano vai concorrer às vagas utilizando somente a nota tirada neste exame.

Na Justiça

O governo de São Paulo protocolou um pedido de tutela antecipada na Justiça com o objetivo de obter liminar contrária à paralisação de funcionários do Metrô. Na ação, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) requer a obrigação de 100% dos funcionários do sistema de transporte durante os horários de pico e de pelo menos 80% no restante do dia.

Para garantir o cumprimento dessas exigências em caso de decisão favorável, o Palácio dos Bandeirantes quer que a empresa realize uma chamada nominal dos empregados escalados para o serviço e com a presença de um oficial de Justiça para conferir. (Estadão Conteúdo)