Guterres alerta o Conselho de Segurança para colapso em Gaza

Por Cruzeiro do Sul

O secretário-geral invocou o Artigo 99 da Carta da ONU

 

Em uma carta sem precedentes dirigida ao Conselho de Segurança, o secretário-geral da ONU alertou ontem (6) que os bombardeios do Exército de Israel estão provocando o “iminente colapso total da ordem pública” na Faixa de Gaza.

“Em meio aos constantes bombardeios das forças armadas israelenses e sem abrigo e o mínimo para sobreviver, prevejo o iminente colapso total da ordem pública devido às condições desesperadoras, que até mesmo impossibilitariam uma assistência humanitária limitada”, escreveu António Guterres.

É a primeira vez desde que assumiu a chefia da ONU em 2017 que Guterres invoca o Artigo 99 da Carta, que lhe permite “chamar a atenção do Conselho” sobre uma questão que “possa colocar em perigo a manutenção da paz e segurança internacionais”.

“Pode ocorrer uma situação ainda pior, incluindo epidemias e uma maior pressão para o deslocamento em massa para os países vizinhos”, acrescenta.

Enquanto a ajuda humanitária que passa pelo posto fronteiriço de Rafah entre o Egito e a Faixa de Gaza é insuficiente, “simplesmente somos incapazes de chegar aos que precisam de ajuda dentro de Gaza”, assinala.

“A capacidade das Nações Unidas e de seus parceiros humanitários foi dizimada pela escassez de suprimentos, a falta de combustível, a interrupção das comunicações e a crescente insegurança”, continua.

“Estamos enfrentando um grave risco de colapso do sistema humanitário. A situação está se deteriorando rapidamente em direção a uma catástrofe que pode ter consequências irreversíveis para os palestinos como um todo e para a paz e segurança na região”, adverte Guterres.

Resposta dura

Em resposta à ação de António Guterres, o ministro israelense das Relações Exteriores qualificou de “perigo para a paz mundial” o mandato do secretário-geral da ONU.

“Sua petição de ativação do Artigo 99 (da Carta da ONU) e o chamado a um cessar-fogo em Gaza são um apoio à organização terrorista Hamas”, escreveu Eli Cohen na plataforma X (antigo Twitter). (AFP)