Saúde projeta aumento de dengue em 2024
Neste ano, a maioria dos casos foi causada sobretudo pelo tipo 1 da dengue
Em coletiva realizada ontem (8), o Ministério da Saúde alertou que, em 2024, o número de casos de dengue deve aumentar em grande parte do Brasil. O Centro-Oeste deve encarar um cenário epidêmico. A estimativa pouco otimista se dá frente a um cenário em que, pela primeira vez em muito tempo, os quatro sorotipos do vírus causador da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no País e o El Niño eleva as temperaturas, criando um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes aegypti, se reproduzir cada vez mais.
A pasta inaugurou a Sala Nacional de Arboviroses (SNA). Trata-se de “um espaço permanente que vai permitir o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e zika para preparar o Brasil em uma eventual alta de casos dessas doenças nos próximos meses”, informa em nota. Vale destacar que o Aedes aegypti também é vetor para chikungunya e zika. O ministério também anunciou um aporte de R$ 256 milhões a Estados e municípios. Ainda no final deste ano, uma parcela de R$ 111,5 milhões será liberada.
“No pior cenário, poderemos chegar a 5 milhões de casos de dengue (em 2024). Temos uma variação aí de 1,7 milhão a 5 milhões, uma média de 3 milhões. Tudo isso, sem considerar nenhuma nova tecnologia (aplicada), sem considerar que faríamos algo, mas nós estamos nos antecipando”, disse a secretaria de Vigilância em Saúde Ethel Maciel, durante a coletiva. As previsões foram feitas em uma parceria com o InfoDengue, da Fiocruz.
Neste ano, a maioria dos casos foi causada sobretudo pelo tipo 1 da dengue. Mas o vírus tipo 4 foi identificado na quinta (7), no Rio de Janeiro, de acordo com Ethel. Em maio, a Fiocruz havia noticiado a volta do tipo 3 no Norte do País após 15 anos. A reintrodução de sorotipos após anos sempre preocupa especialistas e autoridades. Isso porque um “novo” vírus costuma encontrar uma população suscetível, sem proteção prévia.
A pasta informa que há grande risco de o Sudeste enfrentar uma epidemia -- em especial Minas Gerais e Espírito Santo. O ano de 2023 já é o segundo com mais casos prováveis da doença desde 2000, perdendo, por pouco, apenas para 2015, quando foram registrados 1,69 milhão de casos. (Estadão Conteúdo)