Cerrado pode gerar US$ 72 bilhões por ano

Por meio de pesquisas abrangentes e entrevistas com especialistas brasileiros, o documento propõe várias soluções

Por Cruzeiro do Sul

Cerrado é um celeiro global, responsável por 60% da produção agrícola do Brasil e 22% das exportações globais de soja

O Fórum Econômico Mundial lançou um relatório que mostra como um novo modelo de crescimento no Cerrado poderia gerar US$ 72 bilhões por ano para a economia do Brasil até 2030, equilibrando as medidas de proteção ambiental e, ao mesmo tempo, impulsionando a produção sustentável de alimentos, proporcionando mais empregos e turismo e explorando as indústrias verdes.

O estudo Cerrado: Production and Protection foi realizado pela Tropical Forest Alliance, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial. Ele foi baseado nas análises dos dados do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, elaborado pela empresa Systemiq, parceira na elaboração do relatório.

Por meio de pesquisas abrangentes e entrevistas com especialistas brasileiros, o documento propõe várias soluções, incluindo a agrossilvicultura e a agricultura regenerativa.

Juntas, elas criarão condições para a produção de alimentos de forma mais sustentável, aumentando a produtividade e gerando mais empregos Celeiro global Conforme a pesquisa, o Cerrado é um celeiro global, responsável por 60% da produção agrícola do Brasil e 22% das exportações globais de soja, mas recebe muito menos atenção e proteção legal do que a Floresta Amazônica.

Isso resultou em um aumento de 43% no desmatamento no ano passado no bioma, em comparação com uma queda de 50% na Amazônia, de acordo com dados do governo.

“O desmatamento para a produção agrícola já eliminou metade da vegetação nativa do Cerrado e, se as tendências atuais continuarem, os ecossistemas dos quais dependem os negócios de soja, gado, canade-açúcar e milho no Brasil sofrerão, causando escassez de alimentos em todo o mundo e grandes prejuízos econômicos.”

Segundo relatório, além de ser uma potência na produção de alimentos, o Cerrado também tem um enorme potencial para a bioenergia — energia derivada de plantas e outros recursos naturais - e já abriga um terço das instalações de biogás do Brasil.

No entanto, pondera o estudo, há o risco de que isso possa abrir a porta para mais desmatamento e conversão e, portanto, os investimentos devem ser acompanhados de medidas voltadas para a proteção do Cerrado.

Segundo o relatório, o novo modelo exigirá maior colaboração entre os setores público e privado. (Estadão Conteúdo)