Mulheres ganham 79% do salário dos homens

IBGE indicou ainda que elas se dedicam 10 horas a mais que os parceiros nas tarefas domésticas

Por Cruzeiro do Sul

Houve melhoria em alguns indicativos pesquisados, mas mulheres estão em desvantagem

Brasil é um País marcado por uma profunda desigualdade de gênero, como revela a pesquisa Estatísticas de Gênero, Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem (8), Dia Internacional da Mulher.

Apesar de haver uma ligeira melhoria em alguns indicativos, o sexo feminino ainda está em grande desvantagem em relação ao masculino. A situação é ainda pior para as negras. Embora sejam maioria entre os formados na faculdade, as mulheres recebem 79% do salário dos homens. Isso ocorre porque, entre outras coisas, elas costumam trabalhar expedientes menores justamente porque dedicam quase dez horas a mais do que seus parceiros a tarefas domésticas não remuneradas.

Um outro indicador importante que aponta para um quadro de grande desigualdade é o fato de o Brasil ser o 133º colocado no ranking de presença feminina no Parlamento, atrás de países como Bolívia e Senegal.

Entre a população com 25 anos ou mais de idade, 35,5% dos homens não tinham instrução ou possuíam apenas o fundamental incompleto, contra 32,7% das mulheres, de acordo com números de 2022. Por outro lado, a proporção de pessoas com nível superior completo foi de 16,8% entre as do sexo masculino e 21,3% entre as do sexo feminino.

Dados internacionais, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reunidos pelo IBGE no novo trabalho evidenciam que a situação mais favorável às mulheres em relação à conclusão do ensino superior é comum para a grande maioria dos países membros e parceiros, com exceção da Índia, único onde os homens apresentam porcentual maior que o das mulheres. Em comparação aos outros países, o Brasil não aparece bem.

O País é o quarto com menor porcentual de mulheres no ensino superior, com menos da metade do percentual alcançado pela média da OCDE (53,8%). Para se ter uma ideia, na Coreia do Sul, primeira do ranking internacional, o porcentual de mulheres com nível superior completo é de 60%. Embora as mulheres estejam à frente dos homens nos indicadores educacionais, isso não se reflete ainda no mercado de trabalho e na remuneração.

“O indicador de número médio de horas semanais dedicadas aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos é de extrema importância para dar visibilidade ao trabalho não remunerado, realizado, principalmente, pelas mulheres”, afirmaram os pesquisadores no trabalho.

No Brasil, em 2022, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,3 horas contra 11,7 horas). A maior dedicação às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos acaba por restringir uma participação mais ampla das mulheres no mercado de trabalho. (Estadão Conteúdo)