‘Tio Paulo’ foi sepultado ontem no Rio de Janeiro
Ele teria sido levado, sem vida, por uma parente, para assinar empréstimo
Ocorpo de Paulo Roberto Braga, idoso que foi levado já sem vida a um banco de Bangu, no Rio de Janeiro, foi sepultado ontem (20), às 11h30, no cemitério em Campo Grande, zona oeste da capital fluminense.
O sepultamento aconteceu quatro dias depois do caso que ganhou repercussão nacional na última terça-feira (16). Funcionários do banco filmaram o momento em que Érika de Souza Vieira Nunes, de 43 anos, tentava fazer Braga assinar um empréstimo de R$ 17 mil, mas ele parecia já estar morto. Ela chamava o idoso de “tio Paulo”.
O Serviço de Atendimento Médico de Urgências (Samu) foi chamado, e um médico constatou a morte dele ainda na agência. Érika foi presa em flagrante pelos crimes de furto mediante fraude e vilipêndio a cadáver e está detida desde a terça-feira.
Na quinta-feira (18), a Justiça manteve a prisão de Érika após audiência de custódia na cadeia José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.
A juíza Rachel Assad da Cunha atendeu o Ministério Público e afirmou que, pelo que se percebe nos vídeos, quem queria fazer o empréstimo era Érika, embora o dinheiro não pertencesse a ela. A magistrada registrou ainda que a presa parecia mais preocupada com o empréstimo do que com a saúde do tio e que a possibilidade de ter levado Paulo Roberto já morto ao banco “torna a ação mais repugnante e macabra”.
Imagens de câmeras do circuito de segurança do centro comercial onde fica a agência bancária frequentada por Érika e por Paulo Roberto mostram a mulher circulando pelo local com o idoso imóvel em uma cadeira de rodas.
O vídeo mostra Paulo com a cabeça tombada em alguns momentos enquanto Érika os leva em direção ao banco, onde tentaria finalizar um empréstimo em nome do tio.
Um homem que ajudou a colocar o idoso em um carro por aplicativo antes da chegada à agência, porém, disse em depoimento à polícia que Paulo Roberto Braga, de 68 anos, “ainda respirava e tinha força nas mãos” quando foi colocado no veículo.
O condutor do veículo, por sua vez, declarou aos agentes que o idoso “chegou a segurar a porta do carro” ao descer. Os depoimentos corroboram a versão da defesa de Érika, de que o homem teria chegado vivo à agência bancária.
Na quarta-feira (17), o motorista por aplicativo que foi chamado para buscar Braga e Érika, e um mototaxista que ajudou a colocar o idoso no carro, prestaram depoimentos à Polícia Civil.
O mototaxista disse que conhecia Braga e que foi chamado por Érika para ajudar a colocá-lo no carro por volta de 12h20. Na declaração, ele afirmou que, quando entrou na casa o idoso estava na cama. Quando o segurou, disse o mototaxista à polícia, “ele ainda respirava e tinha força nas mãos”. (Estadão Conteúdo)