Mortos no RS passam de 100 e chuva não dá trégua

Temporais estão previstos até domingo no Estado. Trabalho de resgate prossegue em Porto Alegre e no interior

Por Cruzeiro do Sul

Casal de idosos foi retirado de barco de sua casa na parte baixa de Porto Alegre

O número de mortos nas históricas enchentes no Rio Grande do Sul chegou a 100 ontem (8), enquanto as operações de resgate em Porto Alegre foram suspensas por novas chuvas.

Segundo a Defesa Civil, pelo menos 100 pessoas morreram, 372 ficaram feridas e 128 estavam desaparecidas nas inundações provocadas pelo transbordamento de rios. Em cerca de 400 municípios afetados, incluindo Porto Alegre, mais de 160 mil pessoas foram retiradas de suas casas.

O rio Guaíba, que transbordou em Porto Alegre, baixou para 5,14 metros ontem, mas a situação ainda é instável. Voluntários com lanchas e jet skis começaram o dia tentando abrir passagem nas ruas inundadas para resgatar os que ainda estão presos em suas casas. Alguns moradores simplesmente não quiseram sair por medo de saques.

Quando a água começava a baixar em algumas áreas de Porto Alegre e na região metropolitana, a chuva voltou a cair, interrompendo as operações.

As autoridades também insistiam para que os moradores não retornassem para as áreas de risco e alertavam sobre a possibilidade de instabilidade nos terrenos e de riscos para a saúde. “As águas contaminadas podem transmitir doenças”, disse Sabrina Ribas, porta-voz da Defesa Civil.

As precipitações devem prosseguir, com “tempestades” de amanhã (10) a domingo na região de Porto Alegre, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A inundação do Lago Guaíba — a maior já registrada — deve persistir por tempo indeterminado na região metropolitana, diante da previsão de temporais intensos em grande parte do território gaúcho nos próximos dias. O governo estadual decretou nível de emergência em cinco reservatórios, dois deles em “risco de ruptura iminente”.

Quase 100 mil casas foram danificadas ou destruídas pela força da natureza. Os prejuízos ultrapassam os R$ 4,6 bilhões, segundo estimativa da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Após o fechamento por tempo indeterminado do aeroporto internacional de Porto Alegre, a base militar de Canoas recebeu voos comerciais para transportar doações e passageiros que retornam ao Estado, informou a Força Aérea.

Um avião de pequeno porte vindo do Rio de Janeiro pousou na rodovia BR-116, em Guaíba (RS), com doações de empresários fluminenses, na terça-feira (7). As doações foram feitas às vítimas das enchentes em Guaíba e Eldorado do Sul. Segundo a prefeitura de Guaíba, o mesmo avião deveria voltar à cidade gaúcha ontem (8), trazendo uma equipe de profissionais da saúde como médicos e enfermeiros. Vários trechos da rodovia foram interditados no Rio Grande do Sul em decorrência das cheias.

Ontem, havia trechos em 53 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes, segundo informações do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) consolidadas com o Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM).

Resgates

Os trabalhos de resgate não param. Cenas de resgates dramáticos — terrestres ou aéreos — têm revelado o desespero de quem ainda busca auxílio em regiões totalmente tomadas pelas inundações. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o drama em cada ação realizada, assim como a sensação de alívio, mas ainda de medo, por parte da pessoa ou animal resgatado.

Um vídeo publicado nas redes sociais mostra três pessoas, entre elas, dois idosos bastante debilitados, sendo resgatados em Eldorado do Sul pelos militares da Aviação do Exército.

A Marinha do Brasil também resgatou uma família: pai, mãe (grávida de gêmeos) e um bebê. Em publicação nas redes sociais, a Marinha mostrou parte da operação. Um deles foi o resgate de um bebê pelo telhado de uma casa em Lajeado, um dos municípios mais afetados, feito pelo 2º Batalhão de Aviação do Exército. (AFP e Estadão Conteúdo)