Número de desalojados dispara no sul do País

São 70 mil pessoas em abrigos, 116 mortes e 143 desaparecidos. Chuva volta neste fim de semana

Por Cruzeiro do Sul

Nível da água continua alto e famílias não podem retornar para suas casas

Não há trégua no Rio Grande do Sul: as chuvas voltaram a cair ontem (10) em Porto Alegre, enquanto a população se esforçava por recuperar alguma normalidade, ao mesmo tempo em que o número de desalojados em toda a região aumentava significativamente.

As chuvas fortes que caíram desde o final de abril provocaram o transbordamento dos rios e impactaram quase dois milhões de pessoas, com um saldo até ontem de 116 mortes e 756 pessoas feridas. Com 143 desaparecidos, as autoridades temem que o número total de vítimas continue aumentando. A região se prepara para chuvas intensas no final de semana.

O número de pessoas que foram obrigadas a deixar suas casas devido à catástrofe _ que especialistas e o governo federal associam à mudança climática _ quase dobrou entre ontem (10) e quinta-feira (9).

De acordo com o último balanço da Defesa Civil, 408 mil pessoas abandonaram suas residências, das quais mais de 70 mil estão em abrigos. Em alguns deles, as autoridades buscam estabelecer a ordem após denúncias de roubos e violência.

A capital Porto Alegre tenta recuperar certa normalidade, com um maior número de comércios abertos e trânsito intenso depois que as águas abaixaram. Mas a chuva voltou a cair forte no meio da manhã de ontem.

O site especializado MetSul Meteorologia informou que começaria ontem mais um período de “intensa instabilidade” atmosférica, com acumulados de chuvas que podem chegar a 200 mm até segunda-feira (13) na capital gaúcha.

A água potável engarrafada continua sendo um bem muito escasso. Os caminhões-tanque que abastecem abrigos, hospitais, prédios e hotéis circulam incessantemente. Muitos restaurantes e lojas que vendem refeições prontas permanecem fechados devido ao corte no abastecimento de água.

O desastre no Rio Grande do Sul é fruto do “golpe duplo” da mudança climática e do fenômeno meteorológico El Niño, afirmou Clare Nullis, porta-voz da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU.

“Até mesmo quando o El Niño se dispersar, os efeitos de longo prazo da mudança climática estão conosco. Cada fração de um aumento de temperatura significa que nosso clima ficará mais extremo”, disse Nullis.

Voos

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que Gol, Latam e Azul ampliaram a oferta de voos e assentos para cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, após o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, por tempo indeterminado, em decorrência das inundações. A malha emergencial, segundo a Abear, compreende, neste primeiro momento, seis aeroportos no Rio Grande do Sul e três em Santa Catarina. (AFP e Estadão Conteúdo)