Congresso tem proposta que pode impor mandato de 8 anos no STF
Atual sistema vigora desde os tempos do Império: aposentadoria aos 75 anos
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que estabelece mandato de oito anos aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), sem direito à recondução ao cargo, tramita no Congresso Nacional.
Além de mudar o sistema de composição da Corte em vigor desde os tempos do Império, a PEC 16/2019 não afeta os atuais ministros da Corte e só valeria para os futuros indicados após a aprovação da proposta no Congresso.
Atualmente, os ministros só precisam deixar o cargo ao completar 75 anos de idade. Do quadro de 11 ministros em exercício, três têm permanência garantida até, pelo menos, 2042, sendo esses Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
André Mendonça e Nunes Marques ocupam o cargo até 2047 e Cristiano Zanin assume até 2050. Os outros cinco ministros encerram seu período entre 2028 e 2033.
O processo de vitaliciedade inicia após o magistrado tomar posse do cargo. Os membros só deixam a função no Tribunal por meio de aposentadoria. Embora em tramitação, o texto que institui mandatos fixos de oito anos aos ministros é alvo de críticas por membros do Supremo. O ministro Gilmar Mendes, em seu perfil no X (antigo Twitter), questiona a apresentação de textos reformistas sobre a funcionalidade da Corte.
“A pergunta essencial, todavia, continua a não ser formulada: após vivenciarmos uma tentativa de golpe de Estado, por que os pensamentos supostamente reformistas se dirigem apenas ao Supremo?”, escreveu.
A animosidade entre Congresso e Supremo vem escalando a cada ano. Em novembro do ano passado, o Senado aprovou a PEC que limita decisões individuais dos ministros do STF. O texto prevê que os magistrados ficarão impedidos de suspender por meio de decisões individuais a vigência de leis aprovadas pelo Legislativo.
Nesse sentido, há outras duas propostas de criação de mandato fixo para os ministros tramitando na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Os textos foram apresentados por Angelo Coronel (PSD-BA) e Flávio Arns (PSB-PR) e tramitam na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.
No caso da emenda de Plínio Valério, foi apreciada pelo presidente do CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), em março deste ano. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) fará parte da relatoria. (Agência Estado)