Desmatamento no Cerrado cresce 68% em um ano

MapBiomas apontou, no entanto, queda na devastação da Amazônia

Por Cruzeiro do Sul

Expansão agrícola provoca perdas da vegetação do Cerrado

O Cerrado ultrapassou pela primeira vez em cinco anos a devastação na Amazônia: foram 1.110.326 hectares derrubados na savana brasileira, um aumento de 68%, enquanto o bioma amazônico perdeu 454.271 ha em 2023, tendo queda de 62% em relação ao ano anterior. Juntos, os dois biomas representam 85% da área desmatada no País no último ano. O governo promete lançar planos de proteção aos biomas.

De acordo com o relatório, o Brasil perdeu o equivalente a dois Estados do Rio de Janeiro — cerca de 8.558.237 hectares — em vegetação nativa nos últimos cinco anos. O desmatamento em todo o País apresentou queda de 12% em 2023, segundo o Relatório Anual do Desmatamento, pelo MapBiomas. Trata-se da primeira diminuição desde 2019. A destruição diminuiu na Amazônia, Mata Atlântica e Pampa, mas aumentou no Cerrado, Pantanal e Caatinga.

O MapBiomas é uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima, produzido por uma rede colaborativa de ONGs, universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas.

Um levantamento da perda de vegetação nativa no País de 1985 a 2022, divulgado pelo MapBiomas em 2023, destacava a consolidação de dois arcos do desmatamento em polos de forte expansão agrícola: o Matopiba, região na fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, no nordeste do Cerrado, onde a agropecuária aumentou 14 milhões de hectares, chegando a 25 milhões de hectares em 2022, equivalentes à 35% do território; e a região conhecida como Amacro, fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre, no oeste da Amazônia, onde o uso agropecuário aumentou 10 vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares.

Segundo o relatório deste ano, quase metade (47%) da perda de vegetação nativa no País em 2023 ocorreu na região do Matopiba, um total de 858.952 ha. O desmatamento nessa área vem crescendo ano a ano, e cresceu 59% de 2022 a 2023. (Estadão Conteúdo)