Aos 93 anos morre Silvio Santos, o maior comunicador do Brasil

Causa da morte foi uma broncopneumonia decorrente da gripe H1N1. Não haverá velório ou cerimônias públicas, como ele expressou desejo

Por Cruzeiro do Sul

Apresentador e empresário, foi o fundador do SBT, emissora em que trabalhou ao longo dos últimos 40 anos

Senor Abravanel, mais conhecido como Silvio Santos, nome central da história da televisão brasileira, morreu ontem (17), aos 93 anos. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein desde o início de agosto e a causa da morte foi uma broncopneumonia decorrente da gripe H1N1. Apresentador e empresário, foi o fundador do SBT, emissora em que trabalhou ao longo das últimas quatro décadas, e também de diversas empresas, como o Baú da Felicidade.

Após trabalhar como camelô e entrar para a indústria do entretenimento pelo rádio, Silvio passou pelas principais emissoras de TV do País: Tupi, Globo, Record e o próprio SBT (anteriormente chamado de TVS).

Fez parte do cotidiano dos brasileiros em programas de auditório, como nos quadros do Programa Silvio Santos; nas perguntas e respostas do Show do Milhão; na junção de casais no Namoro na TV; na “vida real” dos famosos do reality A Casa dos Artistas; na realização de sonhos na Porta da Esperança; ou na ajuda financeira e nas pegadinhas do Topa Tudo por Dinheiro. Neles distribuía seus bordões: “Quem quer dinheiro?”, “Ma ôe!”, “Você está certo disso?”.

Empresário, criou o Grupo Silvio Santos, com empresas em diversos setores, como a hotelaria e a indústria de cosméticos. Nos anos 1980, flertou com a política, articulando uma candidatura à presidência mais tarde abandonada.

A família Abravanel anunciou que, por um pedido do apresentador, não seriam realizados velório ou cerimônias públicas. “Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem”, afirmaram os familiares, em nota. Confira: “Colegas de auditório, colegas de uma vida, o que dizer para vocês nesse momento? Acreditamos que muitos de vocês estejam compartilhando da mesma saudade que nós hoje estamos sentindo. Queremos dizer para vocês que por muitas vezes, ao longo da vida, a medida que nosso pai ia ficando mais velho, ele ia expressando um desejo com relação à sua partida. Ele pediu para que assim que ele partisse, que o levássemos direto para o cemitério e fizéssemos uma cerimônia judaica. Ele pediu para que não explorássemos a sua passagem. Ele gostava de ser celebrado em vida e gostaria de ser lembrado com a alegria que viveu. Ele nos pediu para que respeitássemos o desejo dele. E assim vamos fazer. Por este motivo, pedimos a compreensão de todos vocês. De guardar na memória tudo de bom que ele fez e de tantas alegrias que ele nos trouxe ao longo dos anos. Ele foi muito feliz com tudo que fez. E sempre fez tudo do fundo do seu coração. Ele amou o Brasil e os brasileiros. Com muito carinho e respeito a todos vocês, Família Abravanel”.

A cerimônia, somente para familiares, acontecerá hoje (18) no Cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste da capital paulista. Pelo destino Sílvio Santos morreu em um sábado, dia sagrado para os judeus e não em um domingo, que era o dia que ele levava alegria a milhares de pessoas.

Silvio Santos nasceu no Rio de Janeiro, como Senor Abravanel, em 12 de dezembro de 1930, filho do grego Alberto Abravanel e sua mulher, Rebeca Caro. Ele teve cinco irmãos: Henrique, Leon, Beatriz, Perla e Sara.

Puxou o lado vendedor de seu pai que, ainda jovem, fugiu da região de Salonica para não servir ao exército, tornando-se jornaleiro em Atenas. Na sequência, Alberto foi para Marselha, na França, vender pistache e amendoim na rua, o que era proibido. Preso e expulso do país, foi de navio para o Rio, onde trabalhou no porto como intérprete e guia de turistas para juntar dinheiro e abrir uma loja.

Em 1945, ainda adolescente, Silvio despertou para o caminho dos negócios quando se deparou com um homem vendendo capas de plástico para títulos de eleitor na avenida Rio Branco. Ele o seguiu para saber onde ficava seu fornecedor, entrou na loja e comprou uma delas por dois cruzeiros. Levou-a para a rua e ofereceu a quem passava, afirmando ser a última. Com o dinheiro da primeira venda, comprou mais duas e as revendeu, novamente com o discurso de que era a última - e assim por diante.

Na sequência, foi diversificando os negócios. Aprendeu a fazer truques com moedas e baralhos para chamar a atenção e passou a vender canetas. À época, contava com a ajuda de amigos, tanto para o papel de ‘comprador’ interessado, quanto para avisá-lo da chegada da fiscalização. O restante da história todo mundo já sabe.

A morte de Silvio Santos teve expressões de sentimentos em todo o País e nos mais variados segmentos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou, por meio de Atos do Poder Executivo em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), luto oficial de três dias em todo o País, desde de ontem em sinal de pesar pelo falecimento do comunicador.

 

Comunicador tinha ligação com Sorocaba

A empresária Tânia Pavlovsky, da família proprietária da TV Sorocaba SBT, disse ao Cruzeiro do Sul que “com imensa tristeza, a TV Sorocaba SBT, lamenta o falecimento do querido apresentador, comunicador e empresário, Silvio Santos, aos 93 anos. Silvio Santos é um ícone da televisão brasileira. Em mais de 75 anos de carreira, o apresentador transmitiu um sorriso contagiante e uma vocação para comunicar e divertir de forma simples”.

Tânia lembra que, nos bastidores, o empresário construiu um império na comunicação. Ao longo da vida fez grandes amizades, uma delas com Salomão Pavlovsky, fundador da TV Sorocaba SBT, emissora na qual o Grupo SS tem participação. Salomão foi jurado do Troféu Imprensa, uma das premiações com maior credibilidade na televisão, com Silvio na apresentação.

“Silvio Santos, com sua alegria contagiante e presença carismática, marcou profundamente a história da televisão no Brasil, criando um legado inestimável que jamais será esquecido. Neste momento, manifestamos nossas sinceras condolências aos familiares, amigos, fãs e a todos que tiveram o privilégio de acompanhar sua trajetória brilhante. O Brasil perde um grande comunicador e um ser humano admirável, cujo exemplo permanecerá vivo em nossos corações”, disse Tânia Pavlovsky. (Da Redação, com informações do Estadão Conteúdo)