PF prende 4 policiais civis por envolvimento com facção

Ação aconteceu em desdobramento à morte de empresário em Guarulhos

Por Cruzeiro do Sul

Nos endereços foram apreendidos dinheiro, joias e armas

Uma operação realizada ontem (17) pela Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo prendeu ao menos três policiais civis e um delegado por suspeita de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A ação é resultado do cruzamento de diversas investigações sobre o PCC e consequência da delação do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator assassinado no Aeroporto de Guarulhos.

Segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, o objetivo é desarticular a organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública (corrupção passiva e ativa). Os policiais são suspeitos de envolvimento com o PCC e foram citados pelo delator.

Um delegado e três policiais civis foram presos. Ao todo, foram cumpridos oito mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba.

Entre os presos está o delegado Fábio Baena, além dos investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo Bombom. O policial Rogério de Almeida Felício, também alvo, está foragido. Além deles, a operação ainda prendeu quatro pessoas apontadas como os principais responsáveis pela lavagem de dinheiro da facção.

Fábio Baena e o investigador Eduardo Lopes Monteiro atuaram no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil. Eles foram responsáveis por investigar Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do PCC executado no Aeroporto de Guarulhos. Ambos são citados na delação dele ao MP-SP.

Áudio revelado pelo Estadão pouco após a execução traz a conversa entre o delator e dois homens identificados como agentes do DHPP, que seriam justamente Baena e Lopes Monteiro. A gravação teria sido feita por Gritzbach enquanto ele era investigado pelo assassinato do traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e seu segurança Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”.

Os investigados, de acordo com suas condutas, podem responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais, cujas penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão. Nos endereços dos alvos, a PF apreendeu diversos armamentos, malas de dinheiro e joias.

À frente da defesa de Baena e Lopes Monteiro, o escritório Bialski Advogados Associados afirmou, em nota, que a prisão dos dois se constitui em “arbitrariedade flagrante”. “Ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações”, disse. A reportagem tentou ouvir a defesa dos outros citados.

Brás

A PF também prendeu na segunda-feira (16) um homem suspeito de chefiar um grupo criminoso que extorquia e matava comerciantes chineses das ruas 25 de Março e Santa Ifigênia, na região do Brás, no centro de São Paulo. O suspeito havia conseguido escapar de uma grande operação contra supostos integrantes da máfia chinesa, realizada em 2017, pela Polícia Civil de São Paulo. Ele ficou ao menos três anos escondido na Venezuela e foi preso em Pacaraima, cidade de Roraima, no lado brasileiro da fronteira entre os dois países.

O suspeito não teve o nome divulgado, o que impossibilitou o contato com sua defesa. (Estadão Conteúdo)