Le Postiche entra em recuperação judicial
Depois de acumular dívidas de R$ 64,6 milhões e ver suas receitas desabarem ao longo de mais de um ano de pandemia, a varejista de malas, bolsas e mochilas Le Postiche entrou em recuperação judicial. A segunda onda da Covid-19, que mais uma vez fechou o comércio e retardou a retomada da economia, fez a empresa, fundada na década de 1970, não conseguir ver uma saída para se reerguer sem a proteção da Justiça.
Além de ter lidado com um período com lojas fechadas na quarentena, a Le Postiche viu dois de seus principais pilares de demanda por seus produtos ruírem na pandemia: o de turismo (malas) e o escolar (mochilas), com viagens suspensas e alunos com aulas ministradas pela internet.
A recuperação judicial da Le Postiche evidencia uma realidade de varejo. Enquanto há empresas capitalizadas e prontas para se tornarem consolidadoras do mercado -- caso de Renner, Arezzo e Grupo Soma, por exemplo --, há outros negócios que, por causa de falta de escala ou de fôlego financeiro, se veem em dificuldades. De acordo com consultores em varejo, a tendência de os mais fortes incorporarem os mais fracos deve se intensificar nos próximos meses.
No processo de reestruturação, que começou ano passado, a empresa começou a ajustar seu tamanho: 37 lojas em shopping centers foram fechadas -- todas essas unidades já não tinham rentabilidade mesmo antes do início da crise. Mais enxuta, agora a Le Postiche tem 45 lojas próprias e 98 franquias -- esse número de pontos franqueados já chegou a ser de 200.
O trabalho, além da diversificação, será buscar a abertura de lojas em locais mais estratégicos em pontos de alta circulação -- e fora dos shoppings, onde suas lojas hoje se concentram, exceto uma na zona sul de São Paulo, onde também funciona seu outlet. (Estadão Conteúdo e Redação)