Após 1 ano de pandemia, 71% dos restaurantes têm dívidas
Pesquisa mostra que maior parte dos débitos é com bancos e fornecedores
Depois de um ano de efeitos da pandemia no negócio, sete a cada dez restaurantes do Brasil carregam hoje dívidas que representam, em sua maior parte, entre um mês a mais de um ano de faturamento.
O endividamento, junto com a baixa disponibilidade de recursos para pagamento de fornecedores no curto prazo, o chamado capital de giro, tornou-se o maior desafio apontado pelas empresas que prestam serviços de alimentação, conforme mostra pesquisa encomendada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB) à consultoria Galunion, especializada no mercado de foodservice.
De acordo com o levantamento, 71% dos restaurantes do País dizem ter dívidas, sendo que a maior parte (79% dos entrevistados endividados) deve a bancos e fornecedores (37%). Mais da metade das empresas do setor (54%) revelou também estar com impostos em atraso.
Com 66% dos restaurantes sem capital de giro suficiente para encarar mais de 30 dias de restrições que limitaram o funcionamento dos estabelecimentos, o setor quer que o governo apresente uma linha de crédito especial ao segmento, oferecendo largo prazo de carência até o início do pagamento. Em 91,7% dos casos, o tamanho da dívida varia de um mês a mais de um ano de faturamento.
Mesmo após demissões feitas desde o início da pandemia por 64% das empresas de serviços de alimentação, quase metade (48%) das companhias do setor pretende aderir ao programa que permite a suspensão de contratos trabalhistas, bem como redução de jornadas e salários.
Feita entre 9 de abril e 5 de maio, o levantamento ouviu representantes de 650 empresas de diversos perfis -- desde grandes redes de fast-food a pequenos restaurantes, passando também por bares, lanchonetes e padarias -- de todos os Estados brasileiros.
“A pesquisa mostra com muita clareza que o setor chegou ao seu limite. Quem sobreviveu, em sua imensa maioria, está muito endividado”, afirma Fernando Blower, diretor-executivo da ANR. (Estadão Conteúdo)