IPCA faz mercado elevar projeção de juros
Inflação oficial de maio foi de 0,83%, resultando na taxa acumulada de 8,06% nos últimos 12 meses
Sob pressão de preços monitorados pelo governo, como a energia elétrica e os combustíveis, mas também de aumentos acima do previsto em outros itens da cesta de consumo das famílias, o IPCA, índice oficial de inflação do País, ficou em 0,83% em maio. Foi o maior resultado para o mês desde 1996, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE. Os analistas alertam que a inflação está mais alta, mais disseminada e mais duradoura do que se estimava anteriormente.
A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses está agora em 8,06%, ante uma meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central ao fim do ano (com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos).
Com o anúncio do IBGE, os economistas passaram a revisar para cima suas previsões tanto para a inflação como para a taxa de juros -- a ferramenta usada pelo BC para tentar conter a alta de preços. “O índice está alto e causa preocupação. Isso deve levar o Banco Central a continuar a subir a taxa de juros”, disse o economista-chefe do Banco Itaú, Mário Mesquita. A Rio Bravo Investimentos elevou sua projeção para a Selic de 6,25% para 6,50% no fechamento do ano.
“Essa questão de custos está muito espalhada em toda cadeia. Os problemas na cadeia de suprimentos impactam a produção de diversos itens”, diz Tatiana Nogueira, economista da XP Investimentos.
Gasolina e luz
Os dados do IBGE mostram que os aumentos de preços da gasolina e da conta de luz responderam por quase metade da inflação de maio, com efeito direto em diversas cadeias produtivas. Só no mês passado, a energia elétrica subiu 5,37%, com a entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que aumenta a cobrança adicional sobre a conta de luz.
As famílias também gastaram mais com o gás encanado e o gás de botijão, que já acumula uma alta de 24,05% em 12 meses consecutivos de aumentos. Enquanto isso, a gasolina registrou alta de 2,87% em maio, acumulando um aumento de mais de 45% em 12 meses. Também houve elevação nos preços do gás veicular, etanol e óleo diesel.
Na alimentação, as frutas ficaram mais baratas, mas houve nova rodada de altas nos preços das carnes e da alimentação fora de casa. Também pesaram mais no bolso os preços de medicamentos, plano de saúde, itens de vestuário e artigos de residência. (Estadão Conteúdo)