Campos Neto: inflação mais alta é temporária
Percepção sobre a economia brasileira está "nublada" pelo ruído do dia a dia
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou novamente ontem que há enorme alta de inflação no mundo inteiro, mas que tende a ser temporária. Participante de seminário da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Esfera, ele mencionou que a pandemia alterou o padrão de consumo, com substituição de serviços por bens, mas que, com a reabertura das economias, isso deve se normalizar, com arrefecimento da inflação de bens.
Campos Neto voltou a mencionar que há gargalos na oferta de bens, mas que não é homogêneo entre os setores. Também repetiu que há mudança estrutural com a agenda de economia verde, que demanda mais commodities metálicas. Afirmou que as commodities seguem em patamares altos, mas que a autarquia vê “certa acomodação” nesses preços. Ele ainda reconheceu que o Brasil tem inflação alta, mas está próximo de países pares, como Rússia e Índia.
O presidente do Banco Central afirmou que a percepção sobre a economia brasileira está “nublada” pelo ruído do dia a dia. “Há diferença entre percepção e realidade”, disse, no seminário no qual também está presente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Campos Neto reconheceu que as notícias em relação à crise hídrica são preocupantes para a inflação. “O IPCA está rodando bastante alto na ponta. Tem notícias na parte hídrica que precisamos enfrentar. É a maior crise em 60, 70, 80 anos, que influencia e preocupa na parte de inflação”, disse.
O BC tem preocupação com a inflação de serviços, que começa a subir, disse o presidente do BC, que mencionou ainda que a confiança dos agentes está acima de níveis pré-pandemia, com exceção da relativa ao consumidor, e que o emprego informal tende a voltar com reabertura de economia e serviços. (Estadão Conteúdo)