Cesta básica sorocabana sobe 12% em 2021

Aumento é maior que a inflação medida pelo IPCA-15. Preços do café, açúcar e frango dispararam

Por Vinicius Camargo

Frango, que é alternativa econômica na mesa do brasileiro, teve alta de 45%

O custo da cesta básica sorocabana atingiu o maior patamar do ano em dezembro de 2021. A alta no último mês do ano foi de 2,38%, na comparação com novembro. O consumidor terminou 2021 pagando R$ 987,88 pelos 34 itens da cesta. Destes, 23 subiram em dezembro. Nos doze meses do ano, a cesta básica acumula aumento de 12,02%. Os dados constam em pesquisa divulgada mensalmente pela Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas (LCSA), da Universidade de Sorocaba (Uniso).

A cesta iniciou 2021 em queda, interrompendo uma sequência de fortes altas nos cinco últimos meses de 2020. Em janeiro de 2021, custava R$ 872,01. Em fevereiro, o valor subiu para R$ 910 e voltou a cair em março, quando ficou em R$ 901. Porém, de abril até o fim do ano, a tendência de alta se manteve.

Em dezembro de 2021, o consumidor passou a pagar 22,96 a mais pela cesta, na comparação com novembro, quando custava R$ 964,92. Já em relação a dezembro de 2020, a cesta básica subiu 12,02% -- acréscimo de R$ 106,01.

No ano, valorização a cesta ficou acima da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). Em dezembro, o IPCA-15 foi de 0,78% enquanto no ano acumulou 10,42%. Segundo o economista, professor da Uniso e coordenador do estudo, Lincoln Diogo Lima, o aumento de 2021 foi um dos maiores nos últimos 27 anos. “Foi o sétimo maior aumento desde o ano de 1995, quando começou a pesquisa.” Café, açúcar e frango subiram mais de 40% em 2021.

De acordo com Lima, a maioria dos preços dos 34 itens sofreu elevação. Porém, o valor da cesta básica foi puxado, sobretudo, pelas carnes, embora não tenham sofrido grandes elevações. “Devido ao peso das carnes na metodologia, ou seja, o consumidor gasta mais com esses itens, eles acabaram afetando negativamente o preço da cesta básica”, explica.

A alta do dólar também contribuiu. “É um fator importantíssimo, porque afeta os custos de produção tremendamente”, diz o economista. Fatores externos, como a alta nos preços das commodities, principalmente milho e soja, igualmente influenciaram. “O preço desses itens subiu muito no último ano, inclusive, bateu recorde. São utilizadas para a alimentação dos animais. Então, acaba subindo os custos de produção da carne vermelha, do frango, do leite, do óleo de soja”, comenta.

Os três grupos que compõem a cesta subiram em dezembro, em relação a novembro. A maior elevação foi entre os produtos de limpeza, com 2,60%, seguidos pelos alimentos, com 2,43%. Os itens de higiene pessoal sofreram o menor aumento, com 1,62%. Considerando as três categorias, a alta média foi de 2,38%.

A principal vilã em dezembro foi a cebola, cujo quilo passou de R$ 3,59 em novembro para R$ 4,16 (15,88%). Na sequência, vem o biscoito de água e sal, que aumentou de R$ 2,54 para R$ 2,91 (14,57%); creme dental, de R$ 3,17 para R$ 3,47 (9,46%); e os ovos, de R$ 9,61 para R$ 10,49 (9,16%). Por outro lado, os preços de outros itens caíram no mesmo período.

O item com maior queda foi a batata, de R$ 5,03 o quilo, em novembro, para R$ 4,14, em dezembro (-17,69%). Também tiveram queda o papel higiênico e o leite longa vida.


Campeões do ano

Os produtos com maior alta no acumulado de 2021 foram o café, de R$ 10,09 para R$ 15,17 o pacote de 500g (56,14%); açúcar refinado, de R$ 2,87 para R$ 4,38 o pacote de 1 kg (52,53%); extrato de tomate, de R$ 3,16 para R$ 4,75 (50,38%); frango, de R$ 7,99 para R$ 11,9 (45,05%); e papel higiênico, de R$ 5,64 para R$ 7,46 (32,27%). Os preços da batata, arroz e leite longa vida recuaram em 2021.

 

 

Aumentos devem ser menores este ano

O economista e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Lincoln Diogo Lima, considera que as altas de preço devem continuar em 2022, mas em ritmo menor do que nos últimos três anos. “O aumento deve ser influenciado, principalmente, por conta dos custos de produção que devem continuar crescendo”, cita.

Além disso, ele acredita que os empresários podem parar de segurar os preços dos produtos. “Se há uma pequena melhora nas vendas, na demanda, os empresários retomam um pouco as margens, e isso acabando impactando o consumidor”.

O clima para a agricultura deve ser outro fator. “O Brasil. no geral, está passando por problemas climáticos em algumas regiões, períodos de seca prolongada ou de muita chuva. Isso também afeta muito determinados produtos da cesta básica”, observa. (Vinicius Camargo)