Pessoal afastado nas montadoras é recorde
Entre 6% e 7% dos funcionários tiveram de deixar o trabalho desde o início do ano por contaminação de Covid
Várias montadoras seguem com operações parciais e funcionários suspensos, e o baixo desempenho da produção no mês passado pode atrasar o retorno às fábricas. Em janeiro foram produzidos apenas 145,4 mil veículos, o mais baixo volume para o mês em 19 anos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Além da escassez de semicondutores e férias coletivas, um dos motivos do baixo desempenho é que de 6% a 7% dos funcionários foram afastados desde o início ano por estarem contaminados com Covid, ou com suspeita de infecção pela variante Ômicron. As montadoras empregam atualmente 101,3 mil funcionários.
Somente a fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) teve 968 afastamentos desde janeiro, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Na unidade da Mercedes-Benz, 276 trabalhadores foram dispensados na primeira semana deste mês. Os números acumulados desde o mês passado não foram divulgados.
Em várias montadoras também há funcionários com contratos suspensos (lay-off) em razão da escassez de semicondutores ou para mudanças nas linhas de produção.
A General Motors dará férias coletivas de um mês a partir do dia 21 para os trabalhadores de Gravataí (RS). A unidade produz apenas o modelo Onix e, no ano passado, ficou fechada por quase cinco meses por falta de semicondutores. O retorno de apenas um turno de trabalho ocorreu em agosto, mas, com a nova paralisação, toda a linha será suspensa novamente.
Desta vez, a empresa alega necessidade de atualizar e modernizar áreas da fábrica, que ainda tem metade de sua equipe em lay-off desde abril do ano passado, informaram funcionários. A GM não comentou o assunto.
Na unidade da Volkswagen em Taubaté (SP), que estava parada desde o fim de dezembro, funcionários do primeiro turno voltaram ao trabalho ontem, mas a equipe do segundo turno, cerca de 1,2 mil pessoas, foi colocada em lay-off na última quinta-feira, por período de dois a cinco meses.
A empresa não confirma os números nem informa o motivo da medida. Diz apenas, em nota, que o lay-off “é uma ferramenta de flexibilização utilizada conforme a necessidade”. Segundo fontes do setor, além de problemas de abastecimento de chips, uma das razões seria a preparação da fábrica para uma nova plataforma de produção, de onde sairá o Polo Track, carro a ser lançado neste ano.
Já em São Bernardo do Campo (SP), onde 1,9 mil trabalhadores estão em lay-off, o grupo opera em um turno e abriu recentemente um Programa de Demissão Voluntária (PDV).
Produção
A produção de veículos caiu 27,4% em janeiro contra o mesmo mês do ano passado, somando 145,4 mil unidades entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. Na comparação com dezembro, a queda foi de 31,1%.
Como as montadoras tiveram que correr em dezembro para finalizar automóveis cuja produção não seria mais permitida neste ano, dado o novo limite de poluição veicular aceito no País, o tradicional recesso de fim de ano foi adiado em muitas fábricas.
As exportações subiram 6,6% ante janeiro do ano passado, mas na comparação com dezembro houve queda de 33,5%. Com destino principalmente à Argentina, os embarques de veículos somaram 27,6 mil unidades, na soma de todas as categorias, no mês passado. (Estadão Conteúdo e Redação)