Mercado atual destoa de cenário de guerra
Ao contrário do verificado em outros momentos de tensão global -- quando investidores internacionais retiraram seus aportes de países emergentes e correram para os desenvolvidos, considerados mais seguros --, o Brasil tem atraído recursos desde a deflagração do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, destaca o Estadão. Quinta-feira (3), esse movimento fez o dólar recuar 1,55% no País e terminar o dia cotado a R$ 5,03.
Na Bolsa, apesar das queda de ontem e quinta, o índice acumula alta desde o início da invasão russa. Nesse período, a Bolsa de Nova York subiu 1,5% e a de Frankfurt caiu 6,4%. A B3 ainda não divulgou dados de entrada de capital estrangeiro na última semana. Mas, nos primeiros dois dias do conflito, investidores estrangeiros colocaram aqui R$ 3,7 bilhões.
Além de a taxa básica de juros, a Selic, estar em um patamar alto, o que atrai capital, o fato de o País estar longe do conflito, um rebalanceamento do portfólio de investidores interessados em emergentes e a alta no preço das commodities têm impulsionado o Brasil no mercado financeiro.
“Estamos nos beneficiando desse cenário que já havia desde o começo do ano e que agora foi intensificado pelas commodities, que subiram mais ainda, e por essa questão de segurança geográfica”, diz Alexandre Maluf, estrategista da XP.
O gestor de moedas da ACE Capital, Daniel Tatsumi, no entanto, é um pouco mais cético em relação a esse movimento. “Acho que não deve ter uma grande fuga de recursos para os EUA, por exemplo, porque o juro lá ainda está muito baixo e a tendência é de que a subida da taxa seja lenta.” (Da Redação com Estadão Conteúdo)