Cesta básica sorocabana tem aumento de 5,32% em março
No mês passado, o valor chegou a R$ 1.029,46; é o maior patamar dos últimos 26 anos
O custo da cesta básica sorocabana aumentou 5,32% em março deste ano, na comparação com fevereiro, e atingiu o preço mais alto dos últimos 26 anos. No mês passado, o valor chegou a R$ 1.029,46, o maior patamar em toda a série histórica, iniciada em outubro de 1995. Esta é a primeira elevação do ano. Com isso, a tendência de queda nos meses anteriores -- janeiro e fevereiro -- foi interrompida. No mês passado, o preço da cesta subiu quase seis pontos acima da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que ficou em 0,95%. Os dados são de pesquisa desenvolvida mensalmente pela Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas (LCSA) da Universidade de Sorocaba (Uniso).
Em relação a fevereiro, quando o preço da cesta era de R$ 977,44, o consumidor passou a pagar, em março, R$ 52,02 a mais. No comparativo com fevereiro, mês no qual os 34 alimentos analisados custavam R$ 987,74, o acréscimo foi de R$ 41,99. Já em comparação com março de 2021, época na qual o preço estava em cerca de R$ 901, a aceleração foi de 14,18% (em torno de R$ 128,46 a mais).
O preço da cesta básica começou 2022 com ligeira queda de 0,01%, em janeiro, em relação a dezembro de 2021. Em fevereiro, a sequência de recuo não só se manteve, como se acentuou, baixando mais 1,04%. Contudo, em março, o cenário mudou completamente, com o aumento expressivo. Agora, no acumulado dos três primeiros meses do ano, a elevação chega a 4,27%.
Maiores vilões
Dos 34 itens que compõe a cesta sorocabana, a maioria foi vilã, pois 30 produtos tiveram aumento de preço. O produto com a maior alta foi o alho, subindo de R$ 4,55 (200 gramas), em fevereiro, para R$ 5,32, em março (16,92%). Depois, vem a cebola, cujo quilo aumentou de R$ 4,43 para R$ 5,04 (13,77%). Na terceira colocação, aparece o leite longa vida de um litro, com elevação de R$ 3,73 para R$ 4,24 (13,67%). O leite havia registrado queda nos dois meses anteriores.
Já a dúzia de ovos está no quarto lugar da lista, com aceleração de R$ 9,47 para R$ 10,37 (9,50%). A batata teve a quinta maior alta de preço, de R$ 5,42 (o kg) para R$ 5,93 (9,41%).
Queda
Mesmo entre os itens com diminuição de valor, o recuo não foi tão significativo. Três deles tiveram as maiores baixas -- desodorante roll-on de 50 ml, de R$ 9,45 para R$ 9,10 (-3,70); sabão em pó de R$ 9,79 (kg) para R$ 9,45 (-3,47); e biscoito água e sal (-3,42%), de R$ 2,82 (200g) para R$ 2,92 (-3,42%).
Categorias
Todas as categorias de produtos da cesta sorocabana tiveram acréscimo. Na distinção por grupos, os alimentos sofreram o maior aumento, com 6,07%, seguidos pelos produtos de higiene (0,28%); e itens de limpeza (0,07%). A alta na classe alimentação foi mais de cinco vezes maior tanto em relação aos produtos de higiene, quanto de limpeza.
Carnes puxaram alta
Segundo o economista Lincoln Diogo Lima, coordenador do estudo, embora o alho e a cebola tenham subido mais, não foram eles que puxaram o preço da cesta. O professor da Uniso explica que, na verdade, as principais responsáveis pela alta foram as carnes bovinas e de frango. Ovo e leite também contribuíram. Isso porque as carnes, de primeira e de segunda, têm grande peso no custo final da cesta.
Assim, conforme Lima, a alta nos preços desses alimentos em março impactou diretamente no valor da cesta sorocabana. No terceiro mês do ano, o quilo da carne vermelha de primeira subiu 7,92%, de R$ 42,19 (em fevereiro) para R$ 45,53 (em março). Já o quilo do frango aumentou 7,30%, de R$ 8,77 para R$ 9,41. A carne bovina de segunda subiu 6,15%, de R$ 30,75 (o kg) para R$ 32,64. “O alho foi o item que mais subiu, mas o consumidor gasta pouco com alho, porque consome pouco. Agora, a carne vermelha, de primeira e de segunda, representa aproximadamente 20% do custo da cesta básica. Então, qualquer aumento na carne vermelha e em qualquer carne, já tem um grande impacto no custo da cesta básica”, diz.
Lima informa que os produtos derivados de animais aumentaram, principalmente, devido à alta nos valores das rações usadas para alimentá-los. Ainda segundo ele, a cesta básica deve continuar a subir nos próximos meses, por conta, sobretudo, dos acréscimos nos valores dos combustíveis e da energia elétrica.