Dólar dispara 2,63% no 1º dia útil de maio
O dólar disparou neste início de semana e fechou acima de R$ 5,00 pela primeira vez desde 18 de março, em meio à onda de fortalecimento global da moeda americana. À cautela em torno da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) amanhã, que pode trazer um tom mais duro, somaram-se temores de desaceleração da economia mundial em momento de inflação elevada, a chamada estagflação. Dados de atividade industrial abaixo do esperado nos Estados Unidos e, sobretudo, na China assustaram os investidores. Os lockdowns prescritos pela política de Covid zero no gigante asiático traçam um cenário ruim para commodities, levando a uma queda em bloco das divisas emergentes.
No Brasil, a moeda operou com sinal positivo desde a abertura e superou a barreira dos R$ 5,00 já na primeira hora de negócios. A onda compradora se acentuou ao longo da tarde com a piora do ambiente externo. O dólar fechou o primeiro dia útil de maio em alta de 2,63%, a R$ 5,0727. A desvalorização da moeda americana no ano, que chegou a superar 17%, voltou a ser de um dígito (-9,02%).
O Ibovespa voltou aos patamares de janeiro, minguando a alta do índice no ano. Com receio de que a atividade global já cambaleante seja ainda mais prejudicada pelo ambiente de aperto monetário e pelos novos lockdowns na China, os investidores retiraram recursos de ativos de risco e enxugaram investimentos em emergentes como o Brasil. Com isso, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,15%, aos 106.638,64 pontos, nível não visto desde janeiro.
Analistas observaram a influência de um mix de fatores no mercado financeiro: inflação alta no mundo, o ruído de que pode haver recessão com a retirada de estímulos à economia, além da guerra e as restrições na China. (Estadão Conteúdo e Redação)