Setor imobiliário perde fôlego no mundo, com juros mais altos

Por Cruzeiro do Sul

Preço médio das moradias teve baixa de 8% no Canadá

Taxas de juros em alta provocam uma freada no boom global do setor imobiliário que se disseminou para além dos Estados Unidos durante a pandemia, o que coloca mais pressão sobre bancos centrais, enquanto estes tentam conter a inflação sem provocar forte piora em suas economias. Da Europa à Ásia ou na América Latina, os mercados imobiliários residenciais perdem impulso, e em alguns casos há queda no preço das moradias, conforme os bancos centrais elevam os custos de empréstimo para reduzir a inflação.

O preço médio da moradia no Canadá teve baixa de quase 8% em junho, na comparação com o quadro do início do ano. Na Nova Zelândia, os preços caíram 8% em junho, ante o pico de fins de 2021. Na Suécia, os preços em maio recuaram 1,6% ante o mês anterior, a maior baixa mensal desde o início da pandemia.

Para os bancos centrais globais, conter um mercado imobiliário excessivamente aquecido é parte da batalha para controlar a inflação. A atividade econômica em geral deve desacelerar conforme a construção piora, os bancos emitem menos empréstimos e os agentes imobiliários realizam menos vendas.

O risco, segundo economistas, é que os bancos centrais sejam muito agressivos, provocando uma desaceleração global do mercado imobiliário mais grave, com resultados imprevisíveis.

Países como Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Suécia parecem especialmente vulneráveis. Para analistas, o risco de uma forte crise no setor imobiliário como na crise financeira de 2008-2009 é remoto, com bancos em melhores condições. Ainda assim, uma freada acima do esperado no setor pode provocar mais desaceleração econômica do que o desejado pelos bancos centrais para conter a inflação.

Os países que devem sentir o quadro mais rápido são aqueles em que os juros das hipotecas flutuam, como em partes da Europa, entre outros países. (Estadão Conteúdo)