IPCA-15 desacelera para 0,69% em março
Prévia da inflação ficou em 5,36% no acumulado dos últimos 12 meses
Apesar da pressão provocada pelo encarecimento da gasolina e da conta de luz, a prévia da inflação oficial do País desacelerou em março. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) caiu de 0,76%, em fevereiro, para uma variação de 0,69% neste mês, segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. O avanço foi o menor para o mês desde 2020, quando houve elevação de apenas 0,02%, em meio ao choque inicial provocado pela Covid-19 no Brasil.
O resultado fez a taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses descer de 5,63%, em fevereiro, para 5,36% em março -- o menor patamar desde fevereiro de 2021 na comparação anual.
“Esse comportamento deve ser observado até meados do ano, momento em que o IPCA deve beirar os 4%. No entanto, o indicador volta a subir na segunda metade de ano, quando o efeito da redução de impostos de 2022 sair da base do IPCA”, previu Claudia Moreno, economista do C6 Bank, em referência à desoneração de impostos que vigorou no ano passado para itens como combustíveis e energia elétrica. “Nossa projeção é de que o IPCA termine o ano em 6%. Para 2024, esperamos que a inflação desacelere para 5%.”
A desaceleração vista na prévia de março surpreendeu positivamente, mas não será suficiente para levar o Banco Central a mudar o rumo da taxa básica de juros, a Selic, avaliou Gustavo Arruda, diretor de pesquisas para a América Latina do banco BNP Paribas. Ele projeta um IPCA de 6,5% em 2023, acima da mediana para o ano registrada pelo último boletim Focus (5,95%), do próprio BC, por entender que existem diferentes pressões de alta no horizonte.
Variações
Em março, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram alta. O destaque foi o aumento no gasto com transportes. A gasolina subiu 5,76%, item de maior impacto individual no IPCA-15 (com 0,26 ponto porcentual). O etanol ficou 1,96% mais caro. As famílias também gastaram consideravelmente mais com transportes por aplicativo (9,02%), ônibus intermunicipais (0,88%) e trem (17,34%), os dois últimos por influência de reajustes no Rio de Janeiro.
O segundo maior impacto foi do encarecimento da conta de luz. A energia elétrica residencial subiu 2,85%, uma contribuição de 0,11 ponto porcentual para o IPCA-15 do mês. Já os gastos com alimentação e bebidas subiram menos, especialmente os de produtos para consumo no domicílio, com nova ajuda da queda nos preços de proteínas como carnes e frango. (Estadão Conteúdo e Redação)