Economista vê tendência de oscilações na indústria

Por Cruzeiro do Sul

Queda de juros pode favorecer melhora no cenário voltado ao mercado doméstico

Apesar de ter apresentado crescimento de 0,3% na variação interanual, a indústria tem perspectiva de resultados negativos ao longo de 2023 por dificuldades do mercado global e doméstico, avalia o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

“A tendência apresentada por segmentos específicos como máquinas e equipamentos e bens de capital, ou seja, o grosso da produção, é de a indústria sofrer ao longo do ano”, afirma o economista. Em janeiro, a fabricação de máquinas e equipamentos apresentou queda de 8,3% em relação ao mesmo período do ano passado, e o setor de bens de capital caiu 6,6%.

“A sinalização preocupante vem de bens de capital, por causa dos juros”, afirma Vale. Contudo, o aperto da política monetária não é o único fator que deve trazer problemas à indústria em 2023. O crescimento global mais fraco também deve contribuir para esse cenário, segundo o economista. “Com o mundo crescendo menos, uma exportação fragilizada, especialmente para a Argentina, que está entrando em processo de crise por conta da inflação, leva a um cenário de contas cadentes para o volume exportado pela indústria”, afirma.

No lado doméstico, a política fiscal e a reforma tributária podem contribuir para uma melhora do quadro da indústria já no curto prazo. “O governo precisa fazer ajustes necessários e, com o arcabouço fiscal e a reforma tributária, a taxa de juros começa a cair, esperamos que as expectativas comecem a reancorar e a queda de juros comece a contribuir no curto prazo com a indústria”, defende o economista, que espera o começo do ciclo de cortes no terceiro trimestre de 2023, com a Selic em 12,25% no fim deste ano e em 10,0% no final de 2024. (Estadão Conteúdo)