Petrobras lucra R$ 38 bilhões no primeiro trimestre
Conselho autorizou a distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos
A Petrobras lucrou R$ 38,1 bilhões entre janeiro e março, o primeiro trimestre sob o novo governo Lula. Influenciado pela queda de 7% do preço do petróleo no mercado internacional, o resultado divulgado ontem é 14,4% inferior ao de um ano atrás, quando a estatal começou a ser beneficiada pela disparada no preço do barril com a guerra da Ucrânia. Também ontem o conselho de administração da estatal aprovou a distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos.
A decisão pelo pagamento bilionário aos acionistas foi tomada pela nova formação do colegiado, empossado no fim de abril e já com maioria indicada pelo governo Lula. A distribuição surpreendeu positivamente o mercado financeiro e fez o preço das ações preferenciais da Petrobras subirem 3,7%. O lucro líquido da Petrobras no trimestre ficou 18,3% acima do projetado pelo Estadão/Broadcast com base na média das projeções de três instituições: Goldman Sachs, Bradesco BBI e corretora Ativa.
Apesar da valorização no pregão, as ações da estatal tendem a seguir voláteis pelo menos até o início do segundo semestre. Isso porque o conselho de administração da companhia também determinou que a diretoria executiva revise a política de dividendos, para o que deu prazo até julho, antes portanto das deliberações sobre dividendos relativos ao segundo trimestre.
Segundo a regra atual, quando a dívida bruta é menor ou igual a US$ 65 bilhões, a Petrobras distribui 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos do trimestre.
O pagamento dos dividendos aos acionistas, a ser feito em iguais parcelas nos meses de agosto e setembro, contrariou a pressão política de alas do PT capitaneadas pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann. Parte do governo e o próprio presidente da companhia, Jean Paul Prates, deram seguidas declarações a favor da retenção de recursos para aumentar a capacidade de investimento da estatal. Por outro lado, o anúncio funciona como um aceno ao mercado financeiro, evitando desgastes da gestão Prates com investidores.
Além disso, a União ainda vai ficar com cerca de R$ 8,8 bilhões dos dividendos, por ser dona de 36,6% do capital da empresa, via Tesouro, Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e seu braço de participações, o BNDESPar. Em 2022, a União ficou com cerca de R$ 79 bilhões do total de R$ 215,7 bilhões distribuídos a acionistas relativos àquele exercício. (Estadão Conteúdo)