Desenrola vai atender devedores com débitos de até R$ 5 mil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem a medida provisória que cria o Desenrola, programa elaborado pelo governo federal para renegociação de dívidas, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro explicou que, embora o texto tenha sido assinado, a abertura do sistema para credores ocorrerá em julho, por razões “burocráticas”.
Haddad confirmou que o Desenrola irá atender inadimplentes que recebem até dois salários mínimos e tenham dívida de até R$ 5 mil.
O ministro da Fazenda avaliou que os credores irão ofertar bons descontos no programa, devido a liquidez garantida pelo Tesouro. “Vamos adquirir carteiras com maior desconto. A ideia é que o credor dê maior desconto porque ele sabe que, ao incorporar no programa, o crédito passa a ser líquido, com garantia do Tesouro”, disse o ministro, destacando que o Desenrola será avalizado pelo Fundo de Garantia de Operações (FGO), instrumento criado na pandemia que conta com quase R$ 10 bilhões em recursos.
O programa, que depende da adesão dos credores, poderá impactar 30 milhões de CPFs negativados, considerando apenas as dívidas inscritas até o fim do ano passado. “É um programa governamental que depende dos dois lados convergirem. Mas o Banco do Brasil estima que vamos ter sucesso, todos os bancos privados e públicos foram consultados e a nossa previsão é que o setor privado também vá participar do programa”, disse Haddad.
No vermelho
Segundo dados da Serasa, empresa especializada em informações financeiras, nunca houve tantos brasileiros adultos inadimplentes, especialmente aqueles que vivem em centros urbanos ligados à indústria e à prestação de serviços, que ainda sentem o baque provocado pela pandemia de Covid.
Conforme dados de março, na média do País, 43,43% da população com mais de 18 anos de idade tinha deixado de pagar dívidas. É a marca recorde da série iniciada em novembro de 2016 pela Serasa.
Em março deste ano, 70,71 milhões de inadimplentes deviam, em média, R$ 4.731. As pendências com bancos, cartões de crédito, lojas, financeiras e também contas de água, luz e serviços de comunicação somavam R$ 334,5 bilhões. (Estadão Conteúdo)