Energia pressiona e IPCA tem alta de 0,23%
Inflação oficial de agosto, divulgada pelo IBGE, fez o acumulado de 12 meses passar de 3,99% para 4,61%
Pressionado pelo encarecimento da conta de energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em agosto, ante uma elevação de 0,12% em julho. A taxa acumulada de inflação em 12 meses subiu pelo segundo mês consecutivo, passando de 3,99%, em julho, para 4,61% -- ainda dentro do intervalo da meta de inflação para este ano, que tem teto de tolerância de 4,75%.
“A inflação em 12 meses sobe com a substituição de deflações de julho e agosto de 2022”, afirmou André Almeida, analista do Sistema de Índices de Preços do IBGE. Entre julho e setembro do ano passado, o IPCA fechou com deflação puxada pelo corte de tributos sobre gasolina, energia elétrica e telecomunicações.
Em agosto, a energia elétrica teve alta de 4,59%, sendo responsável por aproximadamente 80% da inflação registrada no mês. O movimento foi influenciado pelo fim da incorporação do chamado “bônus de Itaipu” (repasse do saldo positivo da conta da hidrelétrica Itaipu), além de reajustes em quatro áreas pesquisadas (Vitória, Belém, São Luís e São Paulo).
Houve pressão também dos aumentos na gasolina (1,24%), automóvel novo (1,71%), emplacamento e licença (1,62%) e plano de saúde (0,78%). A gasolina, assim como o diesel, subiu na esteira dos reajustes da Petrobras nas refinarias, em 16 de agosto. Na direção oposta, houve alívio em passagens aéreas (-11,69%), etanol (-4,26%), batata (-12,92%), leite (-3,35%) e tomate (-7,91%).
As quedas nos preços dos alimentos já contribuem por três meses consecutivos para conter a inflação no País. O grupo alimentação e bebidas recuou 0,85% em agosto, um impacto de -0,18 ponto porcentual para a formação da taxa geral de 0,23% do IPCA do mês.
“Alimentação e bebidas caiu pelo terceiro mês consecutivo”, frisou André Almeida.
“De maneira geral, a gente pode dizer que essa queda nos preços alimentícios tem sido influenciada por uma maior oferta desses produtos no mercado”, justificou o pesquisador. “Fatores climáticos acabam contribuindo também para uma questão de aumentar a produção, aumentar a quantidade disponível no mercado.” As carnes ficaram 1,90% mais baratas em agosto. No ano, os preços já caíram 9,65%.
Economista-chefe da gestora Armor Capital, Andrea Damico falou em desempenho “qualitativamente benigno” do IPCA em agosto, o que abriria espaço para um corte maior da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). “Não agora (o Copom volta a se reunir na próxima semana), mas na reunião de dezembro, na última reunião do ano.” (Estadão Conteúdo e Redação)